
Reprodução
A inflação brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), registrou alta de 0,43% em abril de 2025, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de representar uma desaceleração em relação a março, quando o índice marcou 0,64%, a prévia da inflação oficial continua pressionada pelo aumento nos preços dos alimentos e itens de saúde, impactando diretamente o bolso dos brasileiros. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 soma 5,49%, acima do teto da meta do governo, fixada em 4,5%.
Alimentos: o principal vilão da inflação
O grupo de Alimentação e Bebidas foi o grande destaque, com alta de 1,14% em abril, contribuindo com 0,25 ponto percentual para o índice geral. A alimentação no domicílio subiu 1,29%, impulsionada por produtos como tomate, café e leite, que registraram aumentos significativos. O tomate, apontado como o “vilão” do mês, teve alta expressiva, refletindo a menor oferta devido a fatores climáticos, como calor excessivo e chuvas irregulares. Já a alimentação fora do domicílio, como lanches (1,23%) e refeições (0,50%), também pesou no orçamento das famílias.
“Fenômenos climáticos, como a falta de chuvas e o calor intenso, afetaram a produção de itens como tomate e café, reduzindo a oferta e elevando os preços”, explicou André Almeida, gerente da pesquisa do IPCA. Além disso, a alta nos custos de produção, incluindo fertilizantes e combustíveis, segue impactando o setor agrícola, o que se reflete diretamente no varejo.
Saúde e cuidados pessoais também pressionam
Outro grupo que contribuiu significativamente para a inflação de abril foi Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de 0,96%. Itens de higiene pessoal (1,51%) e produtos farmacêuticos (1,04%) foram os principais responsáveis, influenciados pelo reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos, autorizado pelo governo no final de março. Planos de saúde também encareceram, com alta de 0,57%. Juntos, os grupos de alimentação e saúde responderam por 88% da prévia da inflação no mês.
Alívio em transportes
Nem todos os setores registraram alta. O grupo de Transportes foi o único a apresentar deflação, com queda de 0,11%, puxada pela redução de 14,38% nos preços das passagens aéreas. Combustíveis também tiveram recuo médio de 0,38%, oferecendo um pequeno alívio ao consumidor. No entanto, esses ganhos foram insuficientes para compensar as pressões de outros grupos.
Inflação acima da meta
Com o resultado de abril, o IPCA-15 acumulado em 12 meses atingiu 5,49%, superando o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%). Economistas alertam que a combinação de fatores como a valorização do dólar, que encarece insumos importados, e a pressão persistente nos preços dos alimentos pode dificultar a convergência da inflação para o centro da meta em 2025.
“A depreciação cambial e os preços dos alimentos são os principais motores da inflação neste momento. O mercado de trabalho aquecido também pressiona os serviços, o que sugere um cenário de inflação mais resiliente”, afirmou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Perspectivas para os próximos meses
O Banco Central, que elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano em resposta às pressões inflacionárias, enfrenta o desafio de conter a alta de preços sem comprometer o crescimento econômico. O Boletim Focus, que reúne projeções de mercado, estima que o IPCA fechará 2025 em 4,99%, ainda acima do teto da meta. No entanto, há expectativas de que uma safra agrícola mais robusta e a estabilização do câmbio possam aliviar a pressão sobre os alimentos no segundo semestre.
Enquanto isso, consumidores sentem o impacto no dia a dia.
“A cesta básica está cada vez mais cara. Produtos como tomate e café, que usamos todos os dias, subiram muito, e isso aperta o orçamento”, relata Maria Silva, dona de casa em São Paulo. No Tocantins, o comércio já registra queda nas vendas, com temores de impactos nas compras para o Dia das Mães.
O que esperar?
A inflação cheia de abril, medida pelo IPCA, será divulgada pelo IBGE no dia 9 de maio de 2025, e deve confirmar as tendências apontadas pela prévia. Para os consumidores, a recomendação é buscar estratégias de economia doméstica, como reduzir o desperdício de alimentos e priorizar produtos sazonais, que tendem a ser mais baratos. Para investidores, títulos atrelados ao IPCA, como o Tesouro IPCA+, continuam sendo uma opção para proteger o patrimônio contra a perda de poder de compra.
A inflação segue como um desafio para o Brasil em 2025, e o comportamento dos preços dos alimentos será crucial para determinar se o país conseguirá retomar o controle inflacionário nos próximos meses. Acompanhe as atualizações do IPCA para entender como essas variações afetam sua vida financeira.
GLOK/X