Avanço da leishmaniose no oeste paulista repercute internacionalmente

Pesquisa sobre a disseminação da doença resulta na publicação de artigo em revista científica de alto impacto

Estudo científico sobre disseminação da leishmaniose visceral no oeste paulista obtém repercussão internacional com a publicação do artigo “Casos e distribuição de leishmaniose visceral no oeste de São Paulo: uma doença negligenciada nesta região do Brasil”, por uma das mais importantes revistas científicas de epidemiologia do mundo, com alto fator de impacto e grande visibilidade: a Plos Neglected Tropical Diseases. Conforme o orientador da pesquisa, o médico infectologista Dr. Luiz Euribel Prestes Carneiro, a publicação em revistas como essa coloca em evidência a nível mundial não só a região do oeste paulista, mas os pesquisadores e suas instituições, dentre as quais está a Unoeste. Os resultados encontrados servem para orientar políticas públicas de prevenção e combate à doença.

A pesquisa, da qual foi extraído o artigo, foi motivada pelo fato de que a leishmaniose visceral é uma das doenças parasitárias mais prevalentes em todo o mundo; e que, se não diagnosticada e tratada precocemente, pode levar à morte. Em 2019, do total de casos na América Latina, 97% foram notificados no Brasil. No estado de São Paulo, atualmente 17,6% das pessoas infectadas vivem na região oeste. É considerada uma doença negligenciada por não ser priorizada por autoridades sanitárias e pela população, de acordo como Dr. Euribel. Para entender como essa doença vem se espalhando rapidamente no oeste paulista, foi estudada a sua disseminação em 45 municípios do Departamento Regional de Saúde (DRS-11).

Teodoro Sampaio

No estudo foram descritos os casos humanos, cães infectados, a presença do mosquito palha (vetor) e sua relação com fatores ambientais como temperatura, rodovias, lagos artificiais, rede hidrográfica, desmatamento e fatores socioeconômicos como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); incluindo ainda a presença de centro de controle de zoonoses nos municípios. Em escala local, foi determinada a disseminação da doença em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, região que está entre as mais pobres do estado. Na cidade foi feita a coleta domiciliar do mosquito palha, o levantamento de cães infectados e um inquérito sorológico entre moradores da cidade para determinar a prevalência de casos humanos.

Na área de abrangência da DRS-11, de 2000 a 2018 o mosquito palha foi encontrado em 77,8% dos municípios, sendo que 69% havia cães infectados e em 42,2% humanos infectados, com 537 indivíduos notificados com a doença. A dispersão ocorreu do epicentro Dracena, na região norte, para Teodoro Sampaio, no sul, onde o mosquito palha e cães infectados foram encontrados em 2010 e pessoas com a doença em 2018. No oeste paulista, uma complexa gama de fatores socioeconômicos (como pobreza e falta de controle de cães doentes) e ambientais (como rodovias, desmatamento, aumento de temperatura e rios e lagos artificiais) que podem estar alimentando a epidemia e sustentando a transmissão endêmica da leishmaniose visceral.

Envolvidos na pesquisa

O estudo fez parte da dissertação de mestrado no Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional (PPGMadre), produzida pela professora da Faculdade de Medicina da Unoeste Regiane Soares Santana, com orientação do professor doutor Euribel que também atua no mestrado em Ciências da Saúde e no curso de Medicina, pelo qual esteve envolvida em iniciação científica a aluna Karina Briguenti Souza. Ainda pela Unoeste estiveram envolvidos o professor da Faculdade de Informática Dr. Francisco Assis Silva; e a publicitária Fernanda Lussari, do Departamento de Marketing. Dentre os colaboradores esteve o Dr. Elivelton Silva Fonseca, da Universidade Federal de Uberlândia, e que já atuou no PPGMadre.

Outros colaboradores: enfermeira Cristiane Oliveira Andrade, do Departamento de Vigilância Epidemiológica e a farmacêutica Marcia Mitiko Kaihara Meidas, do Laboratório Bioclínico de Teodoro Sampaio; a diretora científica do Instituto Adolfo Lutz, Dra. Lourdes Aparecida Zampieri D’Andrea; o professor Dr. Edilson Ferreira Flores, da Faculdade de Ciências e Tecnologia – campus da Unesp (FCT/Unesp); e a diretora da Superintendência de Controle de Endemias (Susen), Ivete Rocha Anjolete, todos de Presidente Prudente.

Serviço – Artigo completo pode ser acessado neste endereço eletrônico.

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