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O Hezbollah, organização xiita libanesa classificada como grupo terrorista por países como Estados Unidos, Israel e Argentina, tem ampliado sua atuação em regiões distantes de sua base no Líbano, com destaque para a América do Sul. Na região, o grupo opera principalmente na Tríplice Fronteira, área que conecta Brasil, Argentina e Paraguai, aproveitando a porosidade das fronteiras e a presença de comunidades libanesas para estabelecer redes de financiamento e atividades ilícitas.
De acordo com relatórios, o Hezbollah utiliza a Tríplice Fronteira como um centro de operações para tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e contrabando de armas, atividades que geram recursos para financiar suas operações no Oriente Médio. A organização mantém laços estreitos com o Irã, que já possuía uma rede de inteligência na região antes da chegada do grupo, facilitando sua integração. Um exemplo notório foi a prisão, em novembro de 2023, de duas pessoas no Brasil acusadas de planejar ataques terroristas, o que trouxe à tona a presença ativa do Hezbollah na região.
Recentemente, postagens no X relataram que cerca de 400 comandantes do Hezbollah teriam deixado o Líbano com suas famílias, dirigindo-se a países sul-americanos como Brasil, Colômbia, Venezuela e Equador, segundo fontes sauditas e americanas. Embora essas informações não sejam confirmadas oficialmente, elas reforçam preocupações sobre o fortalecimento das operações do grupo na América do Sul.
No Brasil, há indícios de parcerias entre o Hezbollah e grupos criminosos locais, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), na Tríplice Fronteira, para facilitar o tráfico de armas e drogas. A Venezuela também é apontada como um ponto de apoio logístico, com redes de crime-terror que beneficiam o grupo, muitas vezes sob a proteção de figuras ligadas ao regime de Nicolás Maduro.
Apesar de sua presença, especialistas alertam que a caracterização do Hezbollah na América do Sul vai além do terrorismo, envolvendo atividades econômicas ilícitas que desestabilizam a região. A falta de cooperação eficaz entre os países da Tríplice Fronteira e a fragilidade das instituições locais dificultam o combate a essas operações.
O governo brasileiro, por sua vez, tem sido alertado por EUA e Israel sobre possíveis planos do Hezbollah no país, como indicado em 2023, mas as respostas têm sido limitadas a operações pontuais da Polícia Federal.
A atuação do Hezbollah na América do Sul, portanto, representa uma ameaça multifacetada, combinando crime organizado e potencial terrorista, exigindo maior atenção e coordenação internacional para conter sua expansão.
Fontes: RAND Corporation, France 24, Wilson Center, Atlantic Council, postagens no X.