O profissionalismo público vive hoje dentro de um mundo incoerente. Por um lado, nunca tantas pessoas tiveram a aspiração de tornarem-se servidores efetivos, em contrapartida do outro, muitos sem qualificação não querem outra coisa a não ser viver de cargos políticos, e fazer disso uma “carreira”. Por todos os países desenvolvidos ou em desenvolvimento, os servidores públicos e o profissionalismo estão contribuindo com sucesso para o crescimento da nação, esses por sua vez, sem dúvida fazem o governo moderno funcionar e a sociedade contemporânea evoluir, desde que tenham qualificação e discernimento de não ocupar um espaço por favoritismo.
Em época de campanha eleitoral, muitos candidatos apresentam propostas de desenvolvimento econômico e social para uma determinada localidade, mas acredito que há um item pouco discutido que pode nortear todas as questões relacionadas ao sucesso de um plano de governo: a busca pelo profissionalismo na administração pública. Atualmente é comum vermos diversos cargos ocupados por pessoas com pouquíssimo ou nenhum conhecimento sobre a sua área de atuação, os quais são indicados devido a um apoio proporcionado durante a campanha, ou por haver laços de parentesco ou amizade. Nesse caso, o preenchimento dos cargos torna-se subjetivo e irresponsável, pois não considera fatores importantes como mérito de competência e imparcialidade, e que possibilita ao ocupante uma atuação distorcida, que possa contemplar mais favores pessoais do que os interesses públicos.
No Brasil, existe uma diversidade de profissões, muitas delas regulamentadas por lei para que desempenhem suas funções de forma legalizada. No setor privado, as instituições que investem na qualificação conseguem obter de seu quadro funcional, empenho e responsabilidade. É necessário que isso também se aplique na esfera pública, a fim de que uma determinada gestão possa resgatar a estrutura da funcionalidade dos servidores de carreira, e promover a capacitação técnica dos mesmos. Alguns dos países mais desenvolvidos do mundo, como Estados Unidos e Japão, já investiram nessa ideia, e seus governos conseguem elaborar mecanismos de controle sobre as suas atividades com solidez e transparência, estipulando ações concretas que buscam a melhoria da qualidade de vida e a defesa da sociedade. Essa é uma tendência mundial e está na hora do Brasil começar a incorporar essa cultura no desenvolvimento de suas políticas para proporcionar um futuro mais justo aos seus cidadãos.
É importante refletirmos sobre o assunto, e que venhamos a exigir o profissionalismo de nossos governantes no âmbito da administração pública, para que se evite o amadorismo e a troca de favores no exercício dos cargos, e assim inibir erros que geram um alto custo social com impacto para coletividade.
A indicação em alguns casos pode até ser política, mas a permanência no cargo deve ser técnica. Por fim, vale ressaltar um pensamento de Nicolau Maquiavél, que dizia: “O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”.
Até a próxima!
Wantuyr Tartari