POR FABRÍCIO REBELLO
Em recente entrevista na qual perguntado sobre os alarmantes indicadores de criminalidade na Bahia, o Governador do Estado deu como justificativa o contexto nacional, afirmando que o problema da violência é generalizado no país, e não só uma mazela baiana. A justificativa, porém, é inverídica. Desde que chegou ao poder no estado, em 2007, o PT viu os indicadores locais crescerem muito acima dos nacionais, chegando, inclusive, a ser o dobro deles.
Jerônimo Rodrigues é o terceiro governador seguido do Partido dos Trabalhadores a ocupar a chefia do Poder Executivo estadual. Antes dele, Rui Costa exerceu dois mandatos (2015-2018 e 2019-2022), sucedendo outros dois de Jaques Wagner (2007-2010 e 2011-2014). Desde 2007, portanto, nenhum outro partido exerce o cargo máximo de gestão na Bahia, ou seja, são 17 (dezessete) anos completados em 2023.
Quando chegou ao Governo, em 2007, Jaques Wagner recebeu o estado com uma taxa de homicídios de 23,57 por cem mil habitantes (2006), abaixo da taxa nacional, de 26,31/100mil. Desde então, os valores começaram a disparar. No primeiro ano do Governo Wagner, o indicador estadual já subiu para 25,77/100mil, aproximando-se do nacional, então em 25,93/100mil. Porém, o que se viu de 2008 em diante foi uma escalada vertiginosa.
Naquele ano, o estado rompeu a barreira de 30 homicídios por cem mil habitantes, chegando a 33,01/100mil, contra 26,43/100mil do indicador nacional. No pior ano da série (2017), quando o Brasil superou a mesma barreira, chegando a 30,7/100mil, a Bahia registrava espantosos 44,79/100mil. Já a maior diferença entre as taxas nacional e local se deu em 2021, quando a brasileira foi de 21,36/100mil, enquanto a baiana foi mais que o dobro, firmando-se em 43,12/100mil.
Por outro lado, no período em que o PT está no poder na Bahia, a taxa média de homicídios no estado corresponde a 39,14/100mil, quando a nacional é consideravelmente menor: 25,87/100mil. Em percentual, a taxa de assassinatos baiana é 51,3% maior que a nacional. E, caso se utilize como preditor referencial o ano de 2006, último antes da chegada do PT ao governo baiano, tem-se patente que a taxa de homicídios foi, na média, reduzida nacionalmente (26,31/100mil para 25,87/100mil), ao passo que a estadual aumentou expressivamente, de 23,57/100mil para 39,14/100mil, um crescimento de 66,1%.
Diante desses números, a desculpa utilizada pelo Governador baiano se mostra, mais uma vez, esfarrapada. A tragédia da (in)segurança pública no estado não está vinculada à realidade nacional. Nesta, sobretudo graças às fortes reduções a partir de 2018, os números médios do período de 2007 a 2023 são 1,7% melhores do que se registrou no ano de 2006. Na Bahia, são 66,1% piores.
O colapso da segurança pública no estado, assim, não tem correlação com a realidade nacional. Ele parece ter outro fator diretamente determinante: o modelo petista de gestão, que entregou a Bahia à criminalidade, fez do cidadão refém do medo e, agora, não aparenta ter nenhuma solução, sequer a médio prazo, para reverter o cenário instalado. Caótica Bahia.