Quarta-feira de Cinzas é o primeiro dia da Quaresma. Tempo que recorda os 40 dias de Cristo no deserto. É tradição cristã que, neste período, os fiéis cumpram penitências, das mais diversas, e que deixem de lado as carnes vermelhas e se alimentem com peixe. É verdade que a tradição tem se tornado cada vez menor, mas, de qualquer forma, ainda movimenta, e muito, o mercado de pescados.
Na Rotisseria e Peixaria Navio, localizada no Mercado Municipal de Presidente Prudente, a auxiliar administrativa Maira Siqueira Sitolino lembra que a tradição já não é mais a mesma, como confirma o aposentado Aparecido de Paula, 80 anos, que não segue à risca a tradição religiosa, no entanto, é destaque o movimento que registra durante a Semana Santa. “É uma loucura, não dá tempo nem para tomar água”, brinca. Mas a brincadeira tem fundo de verdade, segundo Maira, boa parte das pessoas deixa as compras para última hora, então, na Quinta-feira Santa é o dia em que o fluxo de clientes mais cresce. “O movimento dobra ou triplica, e o bacalhau continua o ‘carro-chefe’”, garante.
O restaurante Navio, cujo proprietário é Maciel Siqueira, irmão de Maira, é especializado em frutos do mar, e, portanto, registra aumento das vendas. Nas quartas e sextas, pela tradição, mais que por religião, o movimento costuma crescer 30%. Já na Sexta-feira Santa e Domingo de Páscoa o movimento dobra, com grande aumento de reservas e até fila de espera.
O fenômeno da “troca de proteínas” também reflete nos mercados, que, atualmente, aparecem como forte concorrência das peixarias. No supermercado Estrela, do centro, o volume de entregas de pescados congelados e de bacalhau salgado aumenta bastante. Quem dá as informações é a encarregada do setor de perecíveis, Cintia Fernanda Zago Menotti, 32 anos. Segundo ela, o crescimento da demanda se torna maior durante a última semana da Quaresma, quando praticamente triplica. Um destaque que Cintia pontua é o investimento alto que as pessoas fazem para o almoço da Sexta-feira Santa, segundo ela, o pensamento que impera é: “É uma vez por ano, não vou me privar de comer”.
O PEIXE É
FRESCO?
Nem sempre é fácil saber se o pescado que você adquiriu é de boa qualidade, tendo em vista que os peixes e frutos do mar são bastante perecíveis. A nutricionista e professora universitária Cristina Atsumi Kuba explica que, em termos de dieta, os peixes têm vantagens pelo baixo teor calórico, menor índice de gordura e boa digestibilidade. “Não indicamos o excesso de consumo de peixes do mar, por conta da contaminação por mercúrio. Duas vezes por semana é o suficiente”, ressalta.
Em relação às dicas para adquirir um peixe fresco, a primeira coisa é, ao comprar congelado, reparar se há crosta de gelo, o que indica que o produto já sofreu degelo. É importante, explica a nutricionista, que os peixes estejam sem as vísceras, pois os alimentos em sua barriga podem conter bactérias. Deve-se observar, também, o local onde os peixes estão expostos, visto que, nem sempre, as camas de gelo mantêm a temperatura correta.
Cristina explica que a carne do peixe precisa ser elástica: um bom teste é pressionar o peixe, se a pressão não ficar marcada, é um bom sinal. As escamas do peixe devem estar bem aderidas e serem brilhantes, os olhos devem ser salientes e também brilhar, o rabo precisa estar firme em direção ao corpo, as guelras vermelhas e o ventre abaulado (estufado).
Para aqueles que escolherem o camarão, a dica da nutricionista é reparar na mudança de cor. “O camarão cinza, quando cozido, torna-se laranja, salmão, se não mudar de cor, jogue fora!”, ressalta.