Dengue em Crianças: Cuidados essenciais que todos os pais deveriam saber

Um estudo recente publicado na revista Nature Medicine desmistificou a crença comum de que casos graves de dengue ocorrem apenas em indivíduos que contraíram a infecção viral transmitida por mosquitos pela segunda vez. A pesquisa revelou que a primeira infecção por dengue em crianças também pode desencadear formas graves da doença, incluindo choque, dificuldades respiratórias, sangramento grave e/ou complicações severas nos órgãos, podendo levar à morte.

O estudo envolveu a análise de 619 crianças com dengue tratadas em três hospitais na Índia. Cientistas indianos e americanos conduziram a pesquisa, classificando os participantes com base em testes que seguem as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os resultados indicaram que as infecções primárias, ou seja, aquelas em que as crianças contraíram o vírus pela primeira vez, representaram 56% dos casos clínicos, 55% dos casos de dengue grave e 71% das mortes.

“Nosso estudo mostra que as infecções primárias por dengue também podem constituir uma parcela significativa da carga de doenças graves. Portanto, há uma necessidade urgente de uma vacina eficaz contra o dengue que possa ser segura para pessoas que não tiveram a doença”, afirmaram os pesquisadores no trabalho.

A Dra. Ángela Gentile, especialista em infectologia pediátrica e chefe do Serviço de Epidemiologia do Hospital de Niños Ricardo Gutiérrez em Buenos Aires, enfatizou a importância de medidas preventivas diante da atual epidemia em países da América do Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Peru. Ela destacou a necessidade de eliminar criadouros de mosquitos, usar repelentes a partir dos 2 meses e reforçar outras estratégias.

Quanto aos sintomas do dengue em crianças, a Dra. Griselda Berberian, infectologista do Hospital de Pediatría Juan Garrahan, explicou que variam de um quadro semelhante a gripe até sangramentos e outras complicações. O diagnóstico, além do exame clínico, leva em consideração a circulação viral na comunidade e análises de sangue.

Para prevenir o dengue em crianças, especialistas recomendam eliminar criadouros de mosquitos sem o uso de produtos químicos, como recipientes que acumulam água. Além disso, sugerem o uso de repelentes, com restrições de concentração para diferentes faixas etárias.

Em caso de dengue em crianças, a maioria não precisa de hospitalização, sendo necessário apenas acompanhamento ambulatorial, exceto para aqueles com doenças prévias ou sinais de alarme. Os pais devem ficar atentos a sinais como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos, buscando atendimento imediato em caso de suspeita.

O período de duração do dengue em crianças é semelhante ao dos adultos, entre 5 e 10 dias. Recomenda-se repouso, hidratação e o uso de paracetamol para reduzir a febre. Apesar de alguns pacientes apresentarem cansaço pós-dengue, a fase de recuperação se inicia após a fase crítica.

Finalmente, é importante destacar que existem casos assintomáticos em crianças, como em adultos, representando até 60% dos afetados. Essas pessoas geralmente possuem menos vírus e menor risco de desenvolver dengue grave.

Gazeta Brasil

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