O presidente e diretor de investimentos da Verde Asset, Luis Stuhlberger, assim como muitos brasileiros, lamenta ter confiado na possibilidade de o presidente Lula da Silva equilibrar as contas públicas. Segundo informações do Estadão Editorial, em um encontro com investidores, Stuhlberger admitiu que acreditou que o Partido dos Trabalhadores (PT) teria seriedade fiscal, mas se decepcionou quando o Executivo anunciou mudanças na meta fiscal de 2025 e transformou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em uma peça de ficção.
Outros analistas também compartilham dessa preocupação. Mesmo os mais otimistas têm demonstrado inquietação com a evolução das contas públicas. O fato de a Moody’s ter elevado a perspectiva da nota de crédito do Brasil de estável para positiva não acalmou o mercado financeiro, segundo Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos. Na visão fiscal, o Brasil já deveria ter sido rebaixado.
Stuhlberger e Fraga não são ingênuos. Ambos são grandes investidores e têm condições de proteger seus patrimônios e os de seus clientes. Reduzir a exposição a ações de empresas brasileiras ou títulos emitidos pelo governo e optar por ativos mais seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano, é uma medida realista para corrigir posições antes que elas custem caro.
Na última eleição presidencial, Stuhlberger declarou publicamente que jamais votaria novamente em Jair Bolsonaro, atribuindo-lhe a pior gestão mundial no combate à pandemia de covid-19. Fraga, por sua vez, votou em Lula da Silva em nome da defesa da democracia. Muitos brasileiros também apostaram em Lula da Silva para se verem livres de Bolsonaro, mesmo sem acreditar na agenda econômica do PT.
A crise econômica gerada pelos equívocos do governo Dilma Rousseff criou condições ideais para a eleição de Jair Bolsonaro. Desde então, os déficits primários assumiram um caráter permanente, e o atual governo desrespeitou o arcabouço fiscal que ele mesmo propôs. Lula da Silva parece incapaz de aprender com os erros do passado e entender que errou.
Em um momento em que a democracia não está mais sob ameaça, Stuhlberger expressa o sentimento de muitos: “Me caiu a ficha de como pude acreditar que haveria o mínimo de responsabilidade desse governo cujo único objetivo é ganhar eleição”. O petista, por sua vez, ainda não compreendeu por que foi eleito por uma margem tão estreita de votos e não reconhece a importância de zerar o déficit fiscal.
Com informações de Estadão