Em um novo alerta, o diretor regional da OMS na Europa, Hans Kluge, disse que o ritmo de transmissão em toda a região era de “grande preocupação”
A Europa está enfrentando um inverno potencialmente devastador, que pode levar meio milhão de pessoas a morrer por Covid-19, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na quinta-feira (4), quando lançou um alerta sobre um aumento de casos e lamentou as falhas na vacinação em determinadas áreas do continente.
Grande parte da Europa está lutando contra picos de infecções, com a Alemanha relatando, na quinta-feira, seu maior número de novos casos diários desde o início da pandemia.
Em um novo e lamentável alerta, o diretor regional da OMS, Hans Kluge, disse que o ritmo de transmissão em toda a região era de “grande preocupação”.
“Estamos, mais uma vez, no epicentro”, disse Kluge em um comunicado.
“De acordo com uma projeção confiável, se mantivermos essa trajetória, poderemos ver mais meio milhão de mortes devido à Covid-19 na Europa e na Ásia Central até primeiro de fevereiro do próximo ano”, alertou, acrescentando que 43 dos 53 países da sua alçada também podem enfrentar algum grau de superlotação em hospitais.
Grandes áreas do continente estão lutando para conter o surto da variante Delta, o que complicou o relaxamento das restrições em muitos países.
A Europa Oriental é particularmente atingida; os casos estão em níveis recordes na Rússia e agora na Alemanha, enquanto a capital da Ucrânia, Kiev, introduziu novas restrições na segunda-feira.
Muitos especialistas expressaram preocupação de que novos aumentos de infecções, juntamente com resfriados sazonais de inverno, possam colocar os profissionais de saúde sob pressão incontrolável durante o Natal e o Ano Novo.
Em sua última atualização semanal, a OMS disse que a Europa registrou um aumento de 6% nos casos na semana anterior. Essa foi a maior alta de qualquer região global, que registram “declínios ou tendências estáveis”.
“Estamos em outro ponto crítico do ressurgimento da pandemia”, disse Kluge. Ele culpou dois fatores pela nova onda; o relaxamento das medidas restritivas e a falta de cobertura de vacinação nos Bálcãs e no leste do continente.
“As taxas de hospitalização em países com baixa aceitação da vacina são marcadamente mais altas e aumentam mais rapidamente do que naqueles com maior absorção”, disse ele.
O ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, alertou na quarta-feira que medidas mais rígidas são necessárias para aqueles que se recusam a ser vacinados.
Spahn também disse a repórteres em uma coletiva de imprensa na quinta-feira que foi solicitado seu certificado de vacinação em Roma durante o G20 com mais frequência em um dia do que na Alemanha em quatro semanas.
Ele estava respondendo a um aumento dramático nas infecções no país; 33.949 novos casos foram registrados na quinta-feira, quebrando o recorde anterior estabelecido em dezembro de 2020. As hospitalizações e mortes continuam bem abaixo do pico pré-vacinal.
Spahn disse que a Alemanha está enfrentando uma pandemia “massiva” de pessoas não vacinadas, acrescentando: “A verdade é que haveria muito menos pacientes com Covid-19 na [unidade de terapia intensiva] se todos que pudessem recebessem a vacinação”.
O Reino Unido também tem enfrentado uma série de novas infecções desde o final do verão, mas tem resistido à implementação de medidas como a aplicação de máscaras ou passes de vacinas, que se tornaram comuns em toda a Europa.
O mundo ultrapassou a marca de 5 milhões de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia na segunda-feira – uma marca que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chamou de “um novo limiar doloroso”.
(Texto traduzido. Leia o original em inglês aqui).
Por CNN Brasil