Ginecologista Erica Mantelli alerta sobre câncer de mama por mutações somáticas

80% dos casos de câncer de mama em mulheres com idades entre 20 e 35 anos podem ser por causa de alterações genéticas nas células da mama

Para comemorar o Dia Mundial de Câncer, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) lançou a publicação Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil. Com exceção do câncer de pele não-melanoma, os tipos de câncer mais frequentes serão os cânceres de próstata (68.220 casos novos) em homens e mama (59.700 mil) em mulheres. Além dos citados, completam a lista dos dez tipos de câncer mais incidentes: cólon e reto (intestino – 36.360), pulmão (31.270), estômago (21.290), colo do útero (16.370), cavidade oral (14.700), sistema nervoso central (11.320), leucemias (10.800) e esôfago (10.970).

Embora os homens também possam ser acometidos, as mulheres são as principais vítimas do câncer de mama. “Existem diversos fatores de risco que podem ajudar a diagnosticar a doença: o histórico familiar, quando a mulher corre um sério risco em desenvolver a doença se dois ou mais parentes de primeiro grau teve ou tem câncer de mama; idade, já que mulheres entre 40 e 69 anos são mais propensas; menstruação precoce; obesidade; colesterol alto; ausência de gravidez; reposição hormonal; entre outros”, explica a Ginecologista e Obstetra Dra. Erica Mantelli.

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum em mulheres – a estimativa é de 59 mil novos casos no Brasil em 2018 – e ocorre principalmente naquelas que têm mais de 50 anos e já se encontram na menopausa.  Porém, cerca de 80% dos casos de câncer de mama em mulheres jovens, com idades entre 20 e 35 anos, podem ser causados por mutações somáticas – alterações genéticas nas células da mama que não têm origem hereditária. Foi o que constatou um estudo feito no Centro de Investigação Translacional em Oncologia (LIM 24) do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) com apoio da FAPESP.

“A maioria dos tumores da mama, quando estão no início, não apresenta sintomas, o que pode passar como despercebido. Mas ao fazer o autoexame de mama, se a mulher sentir o nódulo ao toque é sinal de que ele tem cerca de 1 cm. Por isso é importante fazer os exames preventivos na idade adequada, com a finalidade de evitar o aparecimento de qualquer sintoma da doença “comenta a Dra. Erika.

Por ter diagnóstico mais difícil e ser pouco esperado, 4,5% dos casos da doença acometem mulheres jovens, entre 20 e 35 anos de idade e normalmente o tratamento nesses casos é iniciado quando a doença já está em estágio mais avançado e apresenta maior taxa de mortalidade que em mulheres mais idosas.

O exame clínico da mama é indicado para mulheres com menos de 49 anos. Ele é realizado por um médico e pode detectar caroços de até 1 cm. Já a mamografia é uma radiografia da mama que detecta lesões em fase inicial. Ela é realizada em um aparelho de raio X apropriado, que comprime a mama de modo a fornecer melhores imagens. “Apesar do desconforto provocado, esse exame causa uma redução de até 30% na mortalidade de mulheres acima de 50 anos. Ele deve ser feito por mulheres a partir dos 40 anos a cada ano ou de acordo com as prescrições do médico”, afirma a ginecologista.

Nos resultados do estudo, publicado na revista Oncotarget, são destacados os dois fatores mais importantes para o câncer de mama: o hereditário, quando a pessoa herda uma mutação genética dos pais, que predispõe ao câncer; e as mutações somáticas, que ocorrem na célula da mama ao longo do tempo.

Se o câncer de mama for diagnosticado precocemente, as chances de cura chegam até 95%. É importante que toda mulher entre 50 a 69 anos faça mamografia a cada dois anos. Além disso, adotar um estilo de vida saudável, cuidar da alimentação e fazer atividade física também é uma medida de prevenção à doença, finaliza Dra. Erica Mantelli.

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