O contrato que visa a melhorar a popularidade de Lula paradoxalmente inclui o combate às fake news (de outras fontes).
Em meio à queda de popularidade de Lula (PT), o Palácio do Planalto pretende concluir até o final de maio a maior licitação de comunicação já feita pela Esplanada dos Ministérios. A Secretaria de Comunicação Social (Secom), liderada por Paulo Pimenta, planeja gastar 200 milhões de reais para combater a desinformação e as fake news.
Conforme O Globo, 24 empresas ou consórcios estão disputando a licitação para fornecer serviços que abrangem desde o mapeamento de influenciadores até a análise de sentimentos dos brasileiros nas redes sociais.
“A licitação está em fase final e, a partir de maio, o governo terá uma nova ferramenta que permitirá mais agilidade”, afirmou Paulo Pimenta em entrevista à Globonews em 29 de março.
“Espero que com o contrato digital possamos alcançar um salto significativo em qualidade”, acrescentou.
O edital
Com apenas cinco páginas, o briefing da licitação é bastante sucinto e propõe às empresas o desenvolvimento de um plano para esclarecer a população sobre o impacto da desinformação no cotidiano da sociedade, incentivar denúncias de fake news e promover uma “educação midiática”.
“Na parte dedicada às diretrizes do plano, lê-se apenas ideias genéricas, como ‘ressaltar o compromisso do governo federal no combate à disseminação de fake news e desinformação’”, relatou o jornal.
A seleção das quatro empresas vencedoras será feita com base em critérios técnicos, e não no preço, devido a ser, segundo a Secom, uma “proposta de cunho intelectual”.
Desconfiança
A menção de 200 milhões de reais do governo do PT para uma agência de publicidade remete à lembrança do mensalão, em que propinas eram canalizadas para os bolsos de parlamentares a partir de contratos com uma agência de publicidade liderada por Marcos Valério.
Em 2005, Duda Mendonça, marqueteiro de Lula em 2002, admitiu à CPI dos Correios ter recebido 10,5 milhões de reais de Marcos Valério em um paraíso fiscal no exterior. Posteriormente, foi descoberto que contratos de publicidade foram utilizados para fins ilícitos também quando João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, recebeu 50 mil reais para favorecer Marcos Valério em licitação vencida pela agência de publicidade SMP&B, de propriedade do empresário mineiro.
Além de Valério, publicitários como Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, e o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato desviaram mais de 70 milhões de reais do banco.
Popularidade em queda
Pesquisa da Atlas Intel, divulgada em 7 de março, mostra que a avaliação dos brasileiros sobre o governo Lula caiu em todas as áreas em 2024.
“Percebida como um pilar de sustentação para a aprovação do governo, a imagem negativa de Lula superou numericamente a imagem positiva pela primeira vez desde agosto de 2022”, destacou o instituto.
Atualmente, a imagem de Lula é negativa para 49% das pessoas, enquanto a positiva é de 47%. Em janeiro, a imagem positiva era de 53% e a negativa, 45%.
Quedas
Entre janeiro e março, as avaliações positivas caíram significativamente em áreas como justiça e combate à corrupção, que foi de 40% a 28%, e segurança pública, de 36% a 24%.
Essas foram as quedas mais acentuadas.
Outras quedas incluem relações internacionais, que caiu de 47% para 38%, responsabilidade fiscal e controle de gastos, de 38% para 30%, direitos humanos e igualdade racial, de 48% para 41%, e meio ambiente, de 36% para 24%.
No mesmo período, as avaliações negativas aumentaram, com avaliações ruins e péssimas sobre segurança pública subindo 14 pontos, de 52% para 66%.
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