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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025, que o Brasil adotará medidas de reciprocidade caso os Estados Unidos imponham tarifas sobre o aço brasileiro. Em entrevista à Rádio Clube do Pará, Lula destacou que o país poderá reagir comercialmente, denunciar a medida na Organização Mundial do Comércio (OMC) ou taxar produtos importados dos EUA .
A declaração ocorre após o presidente americano, Donald Trump, assinar na última segunda-feira, 10 de fevereiro, um decreto que impõe tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio de todos os países, incluindo o Brasil. A medida, que deve entrar em vigor em 12 de março, afeta diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá.
Relação comercial equilibrada, mas tensa
Lula ressaltou que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é “muito igualitária”. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40 bilhões para os EUA, enquanto importou US$ 45 bilhões, o que faz dos americanos o único país com superávit comercial em relação ao Brasil . O presidente brasileiro afirmou que, enquanto a relação entre os dois países for “civilizada e harmônica”, não haverá problemas. No entanto, caso as tarifas sejam aplicadas, o Brasil não hesitará em tomar medidas retaliatórias .
Preocupação com o protecionismo e a democracia
Além das questões comerciais, Lula expressou preocupação com a mudança no discurso dos Estados Unidos após a eleição de Trump. Ele criticou o protecionismo adotado pelo governo americano, que, segundo ele, contrasta com a defesa histórica do livre mercado promovida pelos EUA após a Segunda Guerra Mundial. “Eles, que defendiam o mercado livre, agora estão defendendo o protecionismo. É os EUA para os americanos, tudo para os americanos”, afirmou.
Lula também questionou o papel dos EUA como “patrono da democracia” e “xerife do mundo”, sugerindo que o país tem negado esses valores em sua política recente. “O que está em risco no mundo é a democracia, e eles estão agora negando tudo isso”, completou .
Diálogo entre os países
O presidente brasileiro destacou que não há um relacionamento pessoal com Donald Trump, mas sim uma relação entre Estados. “Eu ainda não conversei com ele, ele ainda não conversou comigo”, disse Lula, acrescentando que espera que os EUA reconheçam o Brasil como um país importante .
Ele também reforçou o desejo de paz e tranquilidade nas relações internacionais. “Nós queremos paz, não queremos guerra. Não queremos atrito com ninguém. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade”, afirmou .
Contexto global e próximos passos
A medida de Trump faz parte de uma estratégia mais ampla de tarifas recíprocas contra países que impõem barreiras comerciais aos produtos americanos. O memorando assinado pelo presidente dos EUA prevê a análise de práticas comerciais de cada país, incluindo tarifas, subsídios e taxas de câmbio, para definir as retaliações adequadas. Estudos sobre o tema devem ser concluídos até 1º de abril, e as medidas poderão ser implementadas imediatamente após essa data .
Enquanto isso, o governo brasileiro, assessorado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, discute as melhores estratégias para lidar com a situação .
Conclusão
A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos reflete um cenário global de incertezas e mudanças nas políticas econômicas. Enquanto Lula busca manter uma relação equilibrada, a possibilidade de uma guerra comercial não está descartada. O mundo aguarda os próximos capítulos dessa disputa, que pode impactar não apenas as economias dos dois países, mas também o cenário geopolítico internacional.