A polícia abriu fogo contra manifestantes que tentavam invadir o parlamento do Quênia na manhã terça-feira (25), resultando na morte de pelo menos oito pessoas e incêndios em partes do edifício enquanto legisladores aprovavam uma lei para aumentar impostos.
Em meio ao caos, os manifestantes superaram a polícia e tentaram tomar o complexo parlamentar. Chamas eram visíveis no interior do edifício.
A polícia recorreu a disparos após o gás lacrimogêneo e os canhões de água falharem em dispersar a multidão. Um jornalista da Reuters contou ao menos cinco corpos de manifestantes fora do parlamento.
“Queremos fechar o Parlamento e todos os deputados devem renunciar”, disse à Reuters o manifestante Davis Tafari, que tentava entrar no prédio. “Formaremos um novo governo.”
Protestos e confrontos ocorreram também em diversas outras cidades e vilarejos do país.
O parlamento aprovou o projeto de lei financeiro, avançando-o para uma terceira leitura. O próximo passo é a legislação ser enviada ao presidente para assinatura, podendo ele devolvê-la ao parlamento caso tenha objeções.
Os manifestantes são contrários aos aumentos de impostos em um país que já enfrenta uma crise de custo de vida, com muitos também exigindo a renúncia do presidente William Ruto.
Ruto venceu as eleições há quase dois anos prometendo defender os trabalhadores pobres do Quênia, mas enfrenta pressões de credores como o Fundo Monetário Internacional, que pede a redução dos déficits para liberar mais financiamento, e de uma população aflita.
Os quenianos têm enfrentado vários choques econômicos devido à pandemia de Covid-19, à guerra na Ucrânia, a dois anos consecutivos de secas e à desvalorização da moeda.
A nova lei financeira visa arrecadar mais 2,7 bilhões de dólares em impostos como parte de um esforço para aliviar a pesada carga da dívida, com os pagamentos de juros consumindo 37% das receitas anuais.
O governo já fez algumas concessões, prometendo eliminar os novos impostos propostos sobre pão, óleo de cozinha, propriedade de automóveis e transações financeiras. No entanto, isso não foi suficiente para acalmar os manifestantes.
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