Ministro Barroso Revela Pedido de Apoio dos EUA à Democracia Brasileira Durante Gestão no TSE

Nova York, 14 de maio de 2025 – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou, durante evento do grupo Lide em Nova York, que solicitou aos Estados Unidos, em três ocasiões, declarações de apoio à democracia brasileira enquanto chefiava o TSE, entre 2020 e 2022.
A revelação, feita na terça-feira (13), gerou repercussão ao mencionar o papel das Forças Armadas brasileiras no contexto.
“Eu mesmo, como presidente do TSE, estive com o encarregado de negócios americano muitas vezes, mas em três vezes pedi declarações dos EUA de apoio à democracia brasileira, uma delas do próprio Departamento de Estado”, declarou Barroso. Ele destacou que o apoio norte-americano foi “decisivo” para a institucionalidade e a democracia em “momentos de sobressalto”.
Durante o período, os EUA eram presididos por Joe Biden, e o Brasil vivia tensões políticas no governo de Jair Bolsonaro.
Barroso também fez referência às Forças Armadas, sugerindo que o posicionamento dos EUA influenciou a postura militar brasileira.
“Acho que isso teve algum papel, porque os militares brasileiros não gostam de se indispor com os EUA, pois é lá que obtêm seus cursos e equipamentos”, afirmou. A declaração ocorre em um contexto em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que planos golpistas, associados a Bolsonaro e 33 aliados, não prosperaram devido à falta de apoio da alta cúpula militar.
A fala do ministro, proferida em um fórum que reuniu autoridades brasileiras, como governadores, deputados e empresários, incluindo os irmãos Wesley e Joesley Batista (JBS) e o banqueiro André Esteves (BTG Pactual), também abordou a atuação do STF. Barroso defendeu que a Corte interpreta a Constituição “na medida certa”, respondendo a críticas do presidente da Câmara, Hugo Motta, que, no mesmo evento, cobrou autocrítica dos Poderes.
O ministro justificou o elevado grau de judicialização no Brasil pela abrangência da Constituição de 1988, que transfere ao Judiciário decisões sobre temas como saúde, educação e direitos indígenas, diferentemente de constituições mais concisas em outros países. “É por isso que dizem que o Supremo se mete em tudo”, explicou.
A declaração de Barroso sobre o pedido de apoio aos EUA gerou reações no Brasil. Críticos, em posts nas redes sociais, classificaram a iniciativa como “interferência estrangeira” e questionaram a soberania nacional, enquanto apoiadores destacaram a importância de respaldos internacionais para a estabilidade democrática. A operação mencionada no evento não detalhou as circunstâncias exatas dos pedidos, mas reforça o papel de Barroso na defesa das instituições durante um período de polarização.
A Polícia Federal (PF) e o STF continuam investigando tentativas de desestabilização democrática, com ações como a Operação Sem Desconto, que apura fraudes no INSS, e processos contra réus por suposta tentativa de golpe de Estado. Barroso finalizou afirmando que, apesar das tensões, o Brasil vive seu período mais longo de estabilidade institucional desde a redemocratização.
Com informações de Estadão, CartaCapital, Folha de S.Paulo e posts encontrados na plataforma X

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