
A morte do Papa Francisco, anunciada nesta segunda-feira de Páscoa, trouxe à tona uma profecia milenar que há séculos intriga fiéis e estudiosos: a “Profecia dos Papas”, atribuída a São Malaquias. O manuscrito do século XII, supostamente encontrado nos arquivos secretos do Vaticano, conteria previsões sobre todos os líderes da Igreja Católica desde Celestino II, em 1143, até “Pedro, o Romano”, apontado como o último pontífice — previsto para 2027, ano que muitos cristãos acreditam marcar a Segunda Vinda de Cristo.
O documento apresenta 112 frases curtas e enigmáticas, escritas em latim, que descrevem os papas sucessivos ao longo da história. A última passagem diz:
“Na perseguição final da Santa Igreja Romana, reinará Pedro, o Romano, que apascentará seu rebanho em meio a muitas tribulações, após as quais a cidade das sete colinas será destruída e o terrível Juiz julgará o povo. Fim.”
O falecimento do pontífice argentino, aos 88 anos, reacendeu não apenas a atenção sobre a profecia de Malaquias, mas também as previsões do astrólogo francês Nostradamus, que em 1555 publicou Les Prophéties. Muitos acreditam que ele antecipou a morte de um “pontífice muito velho” e a escolha de um sucessor que “enfraqueceria seu trono”.
Um dos trechos mais comentados do livro de Nostradamus diz:
“Com a morte de um Pontífice muito velho / Um romano de boa idade será eleito / Dirão dele que enfraquece seu trono / Mas reinará por muito tempo em atividade mordaz.”
Outro verso menciona um “jovem de pele escura” e um “grande rei” que entregaria o poder a alguém “de cor vermelha” — imagens que vêm sendo alvo de especulações diante dos nomes cotados para o próximo papa.
Atualmente, três cardeais favoritos à sucessão de Francisco carregam o nome Pedro: Peter Erdő, da Hungria; Peter Turkson, de Gana; e Pietro Parolin, da Itália. Para alguns, isso pode coincidir com a figura de “Pedro, o Romano”. A ligação se torna ainda mais curiosa quando se observa que o nome de batismo de Francisco era Jorge Mario Bergoglio, mas seu nome religioso é, em parte, uma homenagem a São Francisco de Assis, cujo pai se chamava Pietro — o que levou alguns a interpretar que ele próprio seria o “último papa”.
O Conclave papal — reunião de cardeais para escolher o novo líder da Igreja — deve começar entre 15 e 20 dias após a morte de Francisco. Apenas os cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto, sendo necessária uma maioria de dois terços para eleger o novo pontífice.
A profecia de São Malaquias, que muitos acreditam ter sido escrita em 1139 durante uma visita a Roma, passou a ser alvo de polêmica. Alguns estudiosos apontam que o texto pode ter sido forjado no século XVI, já que suas descrições são incrivelmente precisas até 1590 e, a partir daí, tornam-se vagas e abertas a interpretações.
Ainda assim, algumas coincidências chamam atenção. Um dos papas foi descrito como “a glória da Oliveira”, o que muitos associam ao Papa Bento XVI, que fazia parte da ordem dos Olivetanos. Outro é citado como “do eclipse do sol”, possível referência ao nascimento do Papa João Paulo II, que ocorreu durante um eclipse solar.
O interesse por essas previsões aumentou consideravelmente após Francisco sofrer duas crises respiratórias em fevereiro. Em 2024, um documentário explorou a teoria de que o Papa Sisto V, eleito em 1585 — 442 anos após o início da profecia — representaria o ponto médio do ciclo. Com isso, o fim previsto da profecia estaria a 442 anos depois, ou seja, em 2027 — apenas 20 meses após a morte de Francisco.
A morte do primeiro papa sul-americano e o primeiro não europeu em mais de 1.300 anos também provocou uma nova onda de comoção mundial. Francisco será enterrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, rompendo com a tradição de sepultamento na Basílica de São Pedro.
Especialistas alertam que, apesar das coincidências, as profecias devem ser interpretadas com cautela. “A linguagem simbólica e os múltiplos significados tornam qualquer previsão altamente subjetiva”, destaca um teólogo ouvido pela imprensa italiana. Mesmo assim, o fascínio por possíveis sinais do fim dos tempos parece ter ganhado novo fôlego com o fim do papado de Francisco.
Gazeta Brasil