A fome nunca esteve tão presente como agora. Os números da desnutrição acompanharam o crescimento populacional, ao longo das décadas. E a falta de comida para os mais pobres piorou à medida que o novo coronavírus alcançou praticamente todos os países.
Um relatório divulgado pelo programa mundial de alimentos da ONU indica que o número de famintos, no mundo, praticamente dobrou por causa da pandemia de Covid-19. Se nada for feito, 265 milhões de pessoas não terão o que comer até o final do ano.
Milhões de pessoas na República Democrática do Congo, na região nordeste da Nigéria, no Sudão do Sul, assim como no Iêmen, enfrentam o risco de desnutrição. Agora é hora de um esforço coletivo pela paz e pela reconciliação.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, usou o discurso de abertura da Assembleia-Geral da organização para listar o que agrava a situação da fome.
66% da população que está em crise alimentar, em todo o mundo, vive em Iêmen, República Democrática do Congo, Afeganistão, Venezuela, Etiópia, Sudão do Sul, Síria, Sudão, Nigéria ou Haiti. Estamos falando de 88 milhões de pessoas que, além da miséria, vivem em meio a conflitos armados ou instabilidade política.
Número de pessoas com fome aumenta durante a pandemia, alerta ONU (26.set.2020)
Foto: CNN Brasil
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manteve a tradição do Brasil em ser o primeiro a discursar. No trecho do pronunciamento dedicado aos números recordes da safra de grãos, o presidente destacou a importância do Brasil no abastecimento mundial. “O mundo cada vez mais depende do brasil para se alimentar”, disse ele.
Só que o volume de exportação dos maiores produtores agrícolas do mundo não será suficiente para abastecer a quantidade de pessoas que passou para a linha da miséria depois do início da pandemia.
O cálculo feito pelas Nações Unidas prevê 100 milhões de toneladas de alimentos para os mais pobres, em 2020, por meio de programas internacionais de assistência. Só que 30 milhões de novos miseráveis continuarão sem ajuda.
Pelo menos a ideia de cooperação apareceu nos discursos. O tempo dirá se a intenção das grandes potências vai sair do papel.
É por isso que devemos abraçar a visão de uma comunidade com um futuro compartilhado, no qual todos estejam unidos.
Por CNN Brasil