Alemães chamam inundações que destruíram casas de ‘catástrofe’; belgas e holandeses também sofrem com chuvas fortes e pessoas desaparecidas
Pelo menos 48 pessoas morreram devido às fortes chuvas que bateram recordes na Europa Ocidental, provocando enchentes que varreram casas e inundaram porões nesta quinta-feira (15). Do total de mortos, 42 foram na Alemanha e seis na Bélgica. Holanda e Luxemburgo também tiveram áreas afetadas.
A Alemanha tem ao menos 70 pessoas desaparecidas.
Dezoito pessoas morreram e dezenas estão desaparecidas no centro de Ahrweiler, no estado da Renânia-Palatinado, na Alemanha, de acordo com a polícia, depois que o nível do rio Ahr subiu e derrubou meia dúzia de casas. Oito pessoas morreram na região de Euskirchen, ao sul da cidade de Bonn, disseram as autoridades.
Na Bélgica, dois homens morreram devido às chuvas torrenciais e uma menina de 15 anos estava desaparecida após ser arrastada por um rio transbordando.
Centenas de soldados ajudaram a polícia nos esforços de resgate, usando tanques para limpar os deslizamentos de terra e árvores caídas que ocupavam estradas, enquanto helicópteros içavam os que estavam presos nos telhados de suas casas para um local seguro.
As enchentes causaram a pior perda em massa de vidas na Alemanha em anos. As inundações em 2002 mataram 21 pessoas no leste da Alemanha e mais de 100 em toda a região central da Europa.A chanceler Angela Merkel expressou seu pesar.
“Estou chocada com a catástrofe que tantas pessoas nas áreas de enchente têm que suportar. Minha solidariedade vai para as famílias dos mortos e desaparecidos.”
Na Bélgica, cerca de 10 casas desabaram em Pepinster depois que o rio Vesdre inundou a cidade e os moradores foram retirados de mais de mil casas.
A chuva também causou graves interrupções no transporte público, com o cancelamento dos serviços do trem Thalys de alta velocidade para a Alemanha.
O tráfego no rio Meuse também está suspenso, uma vez que a principal via navegável belga ameaça romper suas margens.
Além das oito pessoas que morreram na região de Euskirchen, outras sete pessoas, incluindo dois bombeiros, morreram em outras partes da Renânia do Norte-Vestfália, várias delas em porões inundados.
Na cidade de Schuld, as casas foram reduzidas a pilhas de entulho e vigas quebradas. As estradas foram bloqueadas por destroços e árvores caídas enquanto as águas das enchentes baixavam na manhã de quinta-feira.
“É uma catástrofe”
“É uma catástrofe! Há mortos, desaparecidos e muitas pessoas ainda em perigo. Todos os nossos serviços de emergência estão em ação 24 horas por dia e arriscando suas próprias vidas”, disse Malu Dreyer, governadora de Renânia Palatinado.
“Eu estendo minhas condolências às vítimas desta inundação que se tornou uma catástrofe.”
Mais abaixo no rio Reno, as chuvas mais fortes já medidas em 24 horas causaram inundações em cidades como Colônia e Hagen, enquanto em Leverkusen 400 pessoas tiveram que ser evacuadas de um hospital.
Em Wuppertal, conhecida por sua ferrovia aérea, os moradores disseram que seus porões foram inundados e a energia cortada. “Não consigo nem imaginar quanto dano causará”, disse Karl-Heinz Sammann, dono da discoteca Kitchen Club.
O primeiro-ministro Armin Laschet, o candidato conservador para suceder Angela Merkel como chanceler nas eleições gerais em setembro, visitou Hagen nesta quinta-feira.
Os verdes, em segundo lugar nas pesquisas de opinião antes das eleições federais na Alemanha em setembro, culparam o aquecimento global pelas enchentes.
“Este já é o impacto da catástrofe climática e este é outro alerta para nos fazer perceber: isso já está acontecendo”, disse Katrin Goering-Eckardt, a líder parlamentar dos Verdes, à televisão RTL / NTV.
Chuvas sem precedentes
Especialistas em clima disseram que as chuvas na região nas últimas 24 horas foram sem precedentes, já que um sistema climático de baixa pressão quase estacionário causou chuvas locais sustentadas também no oeste da França, Bélgica e Holanda.
Esperava-se que a água da chuva drenando para o Reno, onde o tráfego de navios estivesse parcialmente suspenso, testasse as defesas contra enchentes ao longo do rio, incluindo Colônia, no baixo Reno, e Koblenz, onde o Reno e o Mosela se fundem.
*(Reportagem adicional de Matthias Inverardi, Bart Meijer em Amsterdã e Phil Blenkinsop em Bruxelas; Escrita de Emma Thomasson e Douglas Busvine; Edição de Kevin Liffey e Raissa Kasolowsky.)
Por CNN Brasil