Trata-se do maior patamar desde julho de 2013. Já a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso recuou de 24,1% em maio para 23,6% em junho – a primeira queda do ano.
O endividamento das famílias registrou a sexta alta consecutiva em junho, de acordo com pesquisa mensal divulgada nesta terça-feira (9) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em junho, o percentual de famílias brasileiras endividadas alcançou 64%, ante 63,4% em maio. Trata-se do maior percentual desde julho de 2013 (65,2%).
O percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso, porém, diminuiu em junho de 2019, na comparação com o mês imediatamente anterior, passando de 24,1% para 23,6% do total – a primeira queda do ano.
Já o número de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas em atraso, permanecendo inadimplentes, ficou estável em 9,5% na comparação com o mês anterior.
O indicador considera dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.
Comprometimento da renda
O cenário fez com que a parcela de orçamento mensal familiar, comprometida com dívidas, aumentasse de 29,3% para 29,5% entre maio e junho, maior taxa desde setembro do ano passado (29,6%).
Para a CNC, o crescimento no volume de famílias com empréstimos não deve durar. Isso porque as famílias já operam no limite do endividamento em junho.
“O que está desempenhando melhor [na economia] é o mercado de consumo, mas ainda é muito tímido”, notou. “O crescimento do crédito a ritmo maior que atividade econômica não chega necessariamente a ser preocupante, mas não vemos como uma coisa muito sustentável, porque não temos melhora no mercado de trabalho”, afirmou ao Valor Online Mariana Hanson, pesquisadora da CNC. “Se não houver recuperação [do emprego] no segundo semestre, essa recuperação do mercado de crédito não se sustenta”, reiterou.
A proporção das famílias que se declararam muito endividadas aumentou para 13% em junho, contra 12,9% em maio.
Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 63,4 dias em junho de 2019 – inferior aos 63,6 dias de junho do ano passado.
Principais tipos de dívida — Foto: Divulgação/CNC
O cartão de crédito foi mais uma vez apontado como o principal tipo de dívida por 78,8% das famílias endividadas, seguido por carnês (15,8%) e financiamento de carro (10,5%).
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18 mil consumidores.