PF Faz Operação Contra Rede de Lavagem de Propinas para Compra de Decisões no STJ

Brasília, 13 de maio de 2025 – A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira, uma nova fase da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de corrupção envolvendo a venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mira uma rede criminosa suspeita de lavagem de propinas, obstrução de justiça, corrupção ativa e passiva, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.

A operação cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal, além de uma prisão preventiva contra o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como peça central do esquema. Segundo as investigações, Gonçalves atuava como intermediário, negociando acesso antecipado a minutas de decisões judiciais e influenciando servidores do STJ, advogados, desembargadores e outros agentes públicos para favorecer interesses privados em processos milionários.

Modus Operandi do Esquema
A PF identificou que a rede operava há pelo menos quatro anos, manipulando decisões judiciais em troca de propinas que chegavam a centenas de milhares de reais. Documentos e conversas recuperados, incluindo mensagens encontradas no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em Cuiabá em 2023, revelaram a existência de um “verdadeiro comércio de decisões judiciais”. Zampieri, segundo a PF, captava clientes interessados em decisões favoráveis, enquanto Gonçalves utilizava uma rede de contatos em Brasília para influenciar resultados no STJ.

As minutas de votos, rascunhos das decisões dos magistrados, eram compartilhadas com lobistas e advogados, que as ofereciam às partes interessadas. Caso a propina fosse paga, a minuta se tornava o veredicto final; caso contrário, era alterada para beneficiar a parte adversária. Os valores movimentados em alguns casos superavam R$ 100 milhões, envolvendo litígios de grandes bancos, disputas de terras e até operações policiais, como a Operação Faroeste, que apura corrupção no Tribunal de Justiça da Bahia.

A lavagem de dinheiro ocorria por meio de contas de passagem, empresas de fachada e transferências para laranjas, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos recursos. A PF também aponta que o esquema comprometia operações policiais, já que informações sigilosas do STJ eram vazadas, atrapalhando investigações.

Envolvidos e Medidas Judiciais
Entre os alvos da operação estão assessores de ministros do STJ, desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e outros servidores públicos. O ministro Cristiano Zanin, do STF, autorizou as medidas judiciais, que incluem o uso de tornozeleiras eletrônicas, afastamento de funções públicas, proibição de contato entre os investigados e recolhimento de passaportes.

Embora não haja evidências de que os ministros do STJ citados nas investigações – Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Moura Ribeiro – soubessem ou se beneficiassem do esquema, a PF apura a participação de funcionários de seus gabinetes. A operação também investiga conexões com esquemas semelhantes em outros tribunais, como o TJ-MS e o TJ-GO, onde decisões judiciais teriam sido negociadas.

Contexto e Repercussão
A Operação Sisamnes, cujo nome faz referência a um juiz persa punido por aceitar subornos, é um desdobramento de investigações iniciadas em 2023, após a morte de Zampieri. Desde então, a PF realizou várias fases, incluindo ações em dezembro de 2024, com uma prisão em Mato Grosso, e em março de 2025, com mandados no Tocantins.

O STJ ainda não se manifestou oficialmente sobre a operação, mas a gravidade das acusações tem gerado preocupação no Judiciário. Em sessão recente, ministros expressaram frustração com as alegações, que, segundo eles, comprometem a credibilidade da Corte.

Próximos Passos
A PF continua analisando documentos e dispositivos apreendidos para identificar outros envolvidos e mapear a extensão do esquema. O Ministério Público Federal (MPF) acompanha o caso e pode oferecer denúncias contra os suspeitos nas próximas semanas. A operação reforça o compromisso das autoridades em combater a corrupção no Judiciário, mas também expõe vulnerabilidades no sistema que permitem a manipulação de decisões em instâncias superiores.

Com informações de O Globo, Veja, Estadão e Polícia Federal.


Nota: Este texto foi elaborado com base em informações disponíveis até 13 de maio de 2025, conforme reportagens e posts públicos. Caso novos desdobramentos ocorram, a matéria pode ser atualizada.
Grok/X

Mostrar mais artigos relacionados
Mostrar mais em Política
.