Rússia ordena expansão de ofensiva na Ucrânia; países ocidentais anunciam envio de armas para Kiev

O Exército russo recebeu ordens, neste sábado (26), para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia. Moscou alega que Kiev rejeitou negociações. Países ocidentais anunciam envio de armas à Ucrânia.

Vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, anunciaram neste sábado o envio de armas para a Ucrânia, cuja capital Kiev se tornou o principal alvo das forças de Moscou e palco de combates violentos.

O Kremlin deu, por sua vez, ordens para seu Exército expandir a ofensiva, alegando que Kiev rejeitou as negociações.

“Hoje, todas as unidades receberam a ordem de ampliar a ofensiva em todas as direções, de acordo com o plano de ataque”, declarou o Ministério russo da Defesa, em um comunicado.

Pelo menos 198 civis ucranianos foram mortos, e 1.115 ficaram feridos, desde que a Rússia iniciou o ataque em larga escala contra seu vizinho na quinta-feira (24), afirmou neste sábado o ministro ucraniano da Saúde, Viktor Liashko, no Facebook.

As forças russas atacam em diferentes partes da Ucrânia, mas seus esforços parecem estar concentrados em Kiev, onde as tropas ucranianas resistem desde sexta-feira, de acordo com o presidente, Volodymyr Zelensky.

“Nos mantivemos firmes e repelimos com sucesso os ataques dos inimigos. Os combates continuam em muitas cidades e regiões do país (…) mas é nosso Exército que controla Kiev e as principais localidades ao redor da capital”, afirmou Zelensky em um vídeo postado no Facebook.

“Os ocupantes queriam bloquear o centro do nosso Estado e colocar marionetes, como em Donetsk (a república separatista pró-Rússia no leste do país). Conseguimos atrapalhar o plano deles”, acrescentou.

Segundo Zelensky, seus “aliados” estão enviando “armas e equipamentos” para ajudar os ucranianos a lutar.

Pouco depois dessas declarações, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou mais US$ 350 milhões em assistência militar para a Ucrânia.

“Esse pacote incluirá mais assistência defensiva letal para ajudar a enfrentar as ameaças blindadas, aéreas e outras que a Ucrânia enfrenta atualmente”, disse Blinken, em um comunicado.

Já o Ministério holandês da Defesa indicou que entregará 200 mísseis antiaéreos Stinger a Kiev o mais rápido possível, e a República Tcheca anunciou uma doação de armas no valor de US$ 8,6 milhões.

A Alemanha autorizou a entrega de 400 lança-foguetes antitanque à Ucrânia, rompendo com sua política tradicional de não exportar armas letais para zonas de conflito, informou uma fonte do governo à AFP neste sábado (26).

“Levando em conta o ataque russo contra a Ucrânia, o governo está pronto para enviar com urgência o material necessário para a defesa da Ucrânia”, disse a fonte.

Imóvel bombardeado em Kiev durante os ataques das tropas russas.
Imóvel bombardeado em Kiev durante os ataques das tropas russas. REUTERS – GLEB GARANICH

Toque de recolher reforçado

Em Kiev, um míssil russo atingiu um grande edifício residencial, informou o serviço de emergência estatal da Ucrânia neste sábado, sem fornecer informações imediatas sobre possíveis vítimas.

“Kiev, nossa esplêndida e pacífica cidade, sobreviveu a mais uma noite de ataques de forças terrestres russas e mísseis. Um deles atingiu um prédio residencial em Kiev”, relatou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.

Para reforçar a segurança da cidade, e diante de supostos grupos de sabotagem russos, o prefeito Vitali Klitschko anunciou hoje o endurecimento do toque de recolher imposto após a invasão. Ele alertou que quem estiver na rua entre as 17h de hoje e 8h (horário local) de segunda-feira (28) será considerado um “inimigo”.

O metrô de Kiev não está operando e agora serve como um “abrigo” antiaéreo para os habitantes, relatou Klitschko no aplicativo Telegram.

De acordo com uma mensagem no Facebook, os ucranianos destruíram cinco veículos invasores, entre eles um tanque, perto da estação de metrô de Beresteiska, no noroeste da capital.

O Exército ucraniano também relatou “duros combates” em Vasylkiv, uma cidade 30 km a sudoeste de Kiev, onde um avião de transporte militar foi derrubado, e os russos “tentam descarregar paraquedistas”.

Dezenas de militares ucranianos perderam a vida desde quinta-feira, enquanto nenhuma informação sobre isso foi fornecida do lado russo. Kiev afirma, contudo, infligir pesadas baixas ao Exército invasor.

Ontem, o presidente Vladimir Putin chegou a encorajar o Exército ucraniano a “tomar o poder”.

Dada a continuação da resistência ucraniana, o Ministério russo da Defesa disse neste sábado que o Exército atacou infraestruturas militares com mísseis navais e aéreos.

O porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, também afirmou que, no leste da Ucrânia, as forças separatistas de Donetsk e Luhansk ganharam terreno. Esta afirmação ainda não pôde ser verificada por fontes independentes.

Ainda de acordo com o porta-voz, o Exército russo também assumiu “controle total da cidade de Melitopol”, no sul da Ucrânia, perto da Crimeia, península anexada por Moscou em 2014.

Desde o início da invasão, as forças russas destruíram um total de 821 infraestruturas militares ucranianas, incluindo 14 aeródromos, acrescentou Konashenkov.

Reunião de emergência na França

O Palácio do Eliseu informou que o presidente francês, Emmanuel Macron, preside, neste sábado (26), uma nova reunião de emergência do Conselho de Defesa com ministros e membros do comando militar para tratar da situação na Ucrânia, às 17h da França (13h em Brasília).

A França, que ocupa a presidência rotativa do Conselho Europeu, anunciou uma reunião extraordinária do conselho de ministros europeus da energia em Bruxelas, na segunda-feira, uma vez que vários países dependem da Rússia no setor de gás.

Manifestações de solidariedade com a Ucrânia acontecem em todo o mundo. Em Paris, um novo ato aconteceu neste sábado, na praça da República.

(com informações da AFP)

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