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A perda deixa vazios em nossa existência, mas é possível preenchê-los ou aceitá-los ao nos abrir para a vida
O que é saudade
A saudade é um sentimento misto, pois podemos nos sentir nostálgicos e relembrar uma boa época com carinho, mas também um vazio melancólico por conta do que ficou no passado. A sensação pode impedir a nossa adaptação ao que temos no presente, pois a dor do que ficou para trás transborda em nossa rotina.
O sentimento pode gerar distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão, principalmente quando tentamos reprimir a falta. Lidar com a saudade é difícil, entretanto, é importante e possível. Saiba como lidar com a sensação no luto, após o término de um relacionamento e se um dia a tristeza vai embora.
Diferença entre saudade e nostalgia
Apesar de serem sentimentos semelhantes, a saudade assume um caráter mais afetivo e pessoal. De acordo com a psicóloga Adriana de Araújo, o termo é utilizado com maior frequência para descrever a falta que sentimos de ex-namorados, amigos, parentes ou entes queridos que não estão conosco.
Já a nostalgia pode englobar situações, experiências ou tempos passados. Músicas, filmes ou locais podem nos fazer resgatar memórias, mas não necessariamente causar incômodos. Em geral, a falta de uma pessoa é mais intensa do que a de um momento perdido.
Quando a saudade se torna prejudicial
A saudade nos faz resgatar boas memórias, e pode trazer a sensação de gratidão pelos momentos vividos. Entretanto, quando acreditamos que o passado nos dava mais alegria que o presente, é necessário reavaliar nossos pensamentos.
Segundo Adriana, a saudade se torna prejudicial quando nos impede de reconhecer o que temos de bom no presente. “Desanimar-se com a possibilidade de viver melhor no agora também é um sinal de alerta”, diz a psicóloga.
Saudade e distúrbios emocionais
Quando a saudade é recorrente, e nós não conseguimos reduzir o impacto dela sobre a rotina, começamos a sentir tristeza em grandes níveis. A melancolia, além de retirar nossa energia, também nos deixa mais estressados por não conseguirmos nos adaptar ao presente.
Quando essa situação se torna constante, podemos desenvolver distúrbios emocionais como a ansiedade e depressão. Para evitar que isso aconteça, é importante ter o acompanhamento de um especialista que nos guie durante momentos difíceis.
Além da ajuda profissional, também devemos nos permitir sentir todas as nossas emoções, incluindo a falta. De acordo com Milena Lhano, quaisquer sentimentos quando reprimidos podem gerar quadros clínicos graves, como a síndrome do pânico.
A terapeuta Wanessa Moreira alerta que a repressão da saudade também pode causar o surgimento de vícios. “Acabamos desenvolvendo hábitos que preencham nossos vazios”, explica.
Segundo a especialista, precisamos viver toda a dor da falta, para aprendermos a lidar com esse tipo de situação. Caso o contrário, continuaremos a tentar mentir para nós mesmos para não sentir dor, o que apenas prolonga e intensifica o sofrimento.
Saudade é viver no passado?
A psicóloga Milena Lhano explica que pessoas que fazem comparações constantes com o passado, criticam o presente e têm dificuldades para construir planos para o futuro podem estar dominadas pelo saudosismo.
“Frases como ‘Na minha época não era assim’, ‘Antigamente as coisas eram melhores’, ou ‘o mundo está piorando’ são comumente utilizadas por indivíduos saudosistas”, sinaliza a especialista.
Estar dessincronizado com o agora traz a sensação de vazio, insatisfação permanente e despertencimento. Caso você se sinta dessa forma, é necessário refletir sobre suas motivações e iniciar um processo de autoconhecimento.
A saudade pode ser provocada por diversos fatores, como a partida de alguém que amamos ou um ciclo que chega ao fim. Entretanto, é necessário entender que a motivação da falta e a forma em que ela se reverbera dentro de nós são questões diferentes.
“O novo é sempre incômodo e desafiador. Ele nos tira da nossa zona de conforto e nos joga no desconhecido, e isso nem sempre é fácil”, afirma Milena Lhano. Apesar do passado trazer a melancolia, ele também traz acalento.
Isso acontece porque a falta está presente no agora. Viver no passado ou no futuro são bons mecanismos para evitar a realidade, e assim, diminuir a dor de encarar o vazio de algo ou alguém que foi embora.
Como lidar com a saudade profunda
Reprimir um sentimento é prejudicial, mas senti-lo em sua totalidade também nos atinge de maneira profunda. E nos momentos em que não vemos saída ou formas de aliviar a falta de algo, Milena Lhano indica que olhemos para o passado com gratidão.
“Ser grato por ter tido a oportunidade de vivenciar boas experiências e conhecer pessoas especiais pode ajudar”, explica. Relembrar não apenas um momento, mas o que ele significou para nós ameniza a tristeza.
A existência de bons momentos em nossa trajetória nos lembram de que todos os dias representam uma chance de encontrarmos felicidade novamente.
(Minha Vida)