Autoridades confirmam 95 Mortes em enchentes na Espanha; número deve subir

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Pelo menos 95 pessoas morreram em enchentes severas na Espanha, e equipes de emergência ainda buscam dezenas de desaparecidos. Na região mais afetada, Valência, 92 pessoas perderam a vida, conforme afirmou Angel Victor Torres, ministro da política territorial e memória democrática da Espanha.

Outras duas mortes ocorreram em Castela-La-Mancha e uma em Andaluzia. No sul e leste do país, áreas foram atingidas por até 300 mm de chuva em poucas horas, marcando a pior precipitação em Valência em 28 anos, segundo a agência meteorológica estatal AEMET.

Os serviços de emergência nas cidades de Valência, Málaga e outras regiões continuam em busca de desaparecidos. Emiliano García-Page, presidente do governo regional de Castela-La-Mancha, comparou o dilúvio ao rompimento de um dique, relatando que a situação foi tão grave que as pessoas, ao ligar para os números de emergência, choravam pedindo ajuda, mas era quase impossível alcançá-las.

Valência mergulhou no caos, com a maioria das rodovias se tornando intransitáveis e veículos sendo levados pelas águas. Na capital regional, um tribunal foi transformado em necrotério temporário, pois o número de mortos tende a aumentar. Na cidade de Paiporta, pelo menos 40 pessoas morreram, sendo seis delas residentes de uma casa de repouso, segundo a agência EFE, que citou o prefeito da cidade.

Vídeos divulgados por agências de resgate mostram ruas inundadas, pessoas presas em telhados e carros amontoados e capotados. Cerca de 1.200 pessoas ainda estariam presas em uma rodovia em Valência, com 5.000 veículos bloqueados devido às enchentes, informou a EFE, citando a Guarda Civil.

A circulação de trens foi suspensa em Valência, e escolas, museus e bibliotecas públicas foram fechados nesta quinta-feira. Em Málaga, um britânico de 71 anos morreu de hipotermia, de acordo com o prefeito Francisco de la Torre.

Sobreviventes e familiares dos desaparecidos descreveram a chuva como aterrorizante. Uma moradora relatou que, ao ver a água subindo até o primeiro andar, ela e sua família foram para o telhado, onde ficaram até as 4 da manhã, sem água e com frio, até serem resgatados por um helicóptero. Ela afirmou que tudo está destruído, mas se sente aliviada por estar viva.

A família de Petruta Sandu, que também foi pega de surpresa, afirmou ter perdido contato com seus pais na noite de terça-feira, quando eles ficaram presos no teto de um carro enquanto a água subia. Um cunhado chegou a caminhar quase 7 km com água na altura dos joelhos em busca de ajuda, mas não encontrou os familiares.

Em cidades próximas a rios, como Utiel ou Paiporta, veículos e lixeiras foram levados pelas correntes, que chegaram ao primeiro andar dos edifícios. A AEMET indicou que a “gota fria” que causou as enchentes foi a pior registrada em Valência neste século. Esse fenômeno ocorre quando uma massa de ar frio se separa da corrente de jato, movendo-se lentamente e provocando chuvas intensas. O evento é comum no outono.

O primeiro-ministro Pedro Sánchez afirmou que o governo utilizará todos os recursos disponíveis para ajudar as vítimas, pedindo à população que mantenha a vigilância. Ele deve visitar Valência nesta quinta-feira. A ministra da Defesa, Margarita Robles, descreveu a situação como sem precedentes e informou que mais de mil membros das forças armadas foram mobilizados para ajudar nos resgates. O governo decretou três dias de luto oficial.

Um morador local relatou que viu a água levar carros e até derrubar parte de uma casa de um vizinho. Outro sobrevivente, preso no trânsito durante a inundação, descreveu o pânico ao ver a água subir rapidamente ao redor do carro, sem ter como sair.

Cientistas afirmam que a crise climática está tornando eventos climáticos extremos mais frequentes e severos, com oceanos mais quentes alimentando tempestades mais intensas. Alerta de chuvas fortes continua até o final da semana em partes do leste e sul da Espanha, segundo a AEMET.

Gazeta Brasil

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