As exportações brasileiras de frutas frescas têm alcançado um desempenho notável nos últimos anos, com vendas elevadas e registro de recorde para alguns produtos. Caso o cenário externo continue favorável, o setor deverá atingir sua meta de US$ 1 bilhão no mercado exportador. A estimativa é do Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea).
Em 2020, mesmo diante de muitas incertezas em razão da pandemia, o desempenho do setor de frutas já havia sido bastante positivo, chegando bem perto da meta. No ano passado, a receita arrecadada foi de US$ 935,4 milhões.
“Esse resultado nas receitas é fantástico e isso nos faz acreditar que até o final do ano poderemos bater a nossa meta de US$ 1 bilhão em frutas exportadas. Isso será possível pela qualidade do nosso produto, já que possuímos todos certificados internacionais para vendas ao exterior”, destacou recentemente o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho.
Boa performance
Segundo o Cepea, em 2021 os dados parciais de embarques demonstram que a performance brasileira está ainda melhor que a do ano passado.
Na parcial deste ano (até agosto), o centro de pesquisas indicou que o volume total de frutas frescas brasileiras enviadas ao exterior – levando em consideração frutas, cascas de frutos cítricos e melões – bateu recorde no período, totalizando 614,8 mil toneladas, com o faturamento somando US$ 590 milhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior.
“Aqui ressalta-se que os embarques de muitas frutas brasileiras e que são importantes na pauta de exportação, como manga, melão, melancia e uva, tendem a ser intensificados nos próximos meses”, informou a pesquisadora do Cepea, Fernanda Geraldini.
Cenário favorável
Este ano, além da demanda internacional aquecida, os embarques brasileiros de frutas são reforçados pelo cenário doméstico.
“Do lado da demanda, com muitos consumidores brasileiros enfrentando sérias restrições de renda – fator que reduz o consumo de frutas e, consequentemente, os preços internos, produtores que têm a oportunidade de exportar têm priorizado essa alternativa, que se mostra mais atrativa do que o mercado doméstico em diversos casos”, afirmou Geraldini.
“Do lado da oferta, diferentemente de 2020, o clima neste ano tem sido favorável para algumas das frutas exportadas como manga, uva e maçã, graças ao aumento da produtividade e da qualidade e permitindo maiores vendas”, complementou a analista.
Outro ponto que ajuda o desempenho das exportações, segundo Geraldini, é a valorização do dólar e do euro frente ao Real, que torna a remuneração externa mais atrativa.
Aumento de custos
Porém, disse ela, “é importante lembrar que produtores têm enfrentado um forte aumento dos custos de produção, sobretudo neste ano, diante do encarecimento dos insumos. Exportadores, especificamente, também enfrentam desafios, como falta de materiais para embalagens, que estão mais caros, e aumentos nos custos logísticos, com a escassez de contêineres e a alta no frete marítimo.”
Neste cenário, concluiu a pesquisadora, “ainda que a previsão seja de que os envios externos de frutas cresçam, as margens podem ser mais estreitas neste ano em comparação com 2020.”
Escoamento
Algumas frutas, apesar de não terem sido tão beneficiadas pelo clima, também estão conseguindo registrar bom escoamento ao mercado externo.
“São os casos dos limões e limas, cujos pomares paulistas foram prejudicados pela seca, por altas temperaturas e por geadas; da banana, com áreas de Santa Catarina, importante região exportadora ao Mercosul, atingidas por geadas, e do mamão, que durante o inverno apresentou problemas com manchas.”, indicou Geraldini.
Superação
No balanço, dentre oito frutas exportadas e acompanhadas pelo Cepea até agosto de 2021, os embarques superavam o desempenho do mesmo período do ano passado, e quatro estão atingindo recordes em termos de volume. São elas: manga, uva, limões e limas e mamão.
O centro de pesquisas destacou ainda que os envios externos de limões e limas e de mamão apresentam excelente desempenho, mesmo diante dos entraves climáticos.
Fontes: Cepea/Canal Rural
Equipe SNA