Utilização de bioinsumos é ‘o presente e futuro da agricultura sustentável’

Mercado de produtos agrícolas biológicos chegou a R$ 464,5 milhões em 2018, um crescimento de 77% sobre o ano anterior. Esse foi um dos temas tratados no painel “Bioinsumos e Agricultura Sustentável” do Centro de Inteligência em Orgânicos da SNA, na Conferência GreenRio 2019

A agricultura é a indústria mais importante do mundo, que representa mais de 2,4 trilhões de dólares e empregando um bilhão de pessoas, sendo responsável pela produção dos alimentos consumidos em todo o planeta.

É o que destacou Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), mantido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). Ela foi mediadora do painel “Bioinsumos e Agricultura Sustentável”, que fez parte da programação do dia 23 de maio da Conferência GreenRio 2019, organizado pelo Planeta Orgânico, no Rio de Janeiro.

Para ela, a aplicação de bioinsumos, que está cada vez mais em ascensão no País, “é o presente e futuro da agricultura sustentável”.

O encontro teve a participação de Aline de Araújo, diretora de Marketing da Indigo, Amália Piazentini Borsari, diretora executiva da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio);  Luiz Carlos Demattê Fi­lho, CEO da Divisão de Agricul­tura e Meio Ambiente da Korin Agricultura e Meio Ambiente.

Também participaram Mariella Camardelli Uzeda, pesquisadora da Unidade Agrobiologia (RJ) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Guilherme Ribeiro e Guilherme Sá, consultores da GR Agrária; Mariane Carvalho Vidal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Questões a serem respondidas

“A agricultura não pode ser mais vista somente como responsável pela produção de enormes volumes de alimentos”, diz a coordenadora do CI Orgânicos, Sylvia Wachsner. Foto: Luiz Alexandre Louzada/SNA

Na abertura do painel, Sylvia colocou em pauta as seguintes perguntas: “Como alimentamos uma crescente população de maneira mais sustentável?”; “de que maneira os agricultores podem fornecer alimentos a consumidores cada vez mais exigentes, de modo mais sustentável, utilizando insumos que causem menor impacto nos solos, na água e no clima?”; como a agricultura pode reduzir o impacto da sua pegada de carbono?

Ela ainda continuou levantando outras questões: “Como criar ferramentas que protejam os cultivos, garantam lavouras sadias e uma produção sem pragas e doenças ao mesmo tempo em que protegem a saúde das pessoas?; “o que é controle biológico, que serve para combater pragas e doenças das lavouras?”; “quais são as novas tecnologias que estão mudando a produção agrícola?”.

“A agricultura não pode ser mais vista somente como responsável pela produção de enormes volumes de alimentos. Uma produção com sustentabilidade pode ser, para os produtores, uma das maneiras de capturar valor e um diferencial diante dos concorrentes”, afirmou a coordenadora do CI Orgânicos/SNA.

O painel, dentro da programação do Green Rio, também serviu para apresentar alguns cases e ações de setores públicos e privados. Já citadas anteriormente, essas companhias, associações e startups apresentaram suas respectivas trajetórias no mercado de bioprodutos voltados para a agricultura sustentável.

Case Indigo AG

“Da mesma forma que a internet revolucionou o mercado de varejo, a tecnologia está revolucionando a agricultura”, diz Aline de Araújo, diretora de Marketing da Indigo AG, Foto: L.A.L./SNA

Recentemente premiada, pela cadeia de televisão norte-americana CNBC, como a número um entre as empresas mais disruptivas do mundo – que inclui Uber, Airbnb, Space X, entre outras –, a Indigo AG foi fundada em 2014 com foco na utilização de microrganismos que elevam a produtividade das lavouras, ao mesmo tempo em que protegem e fortificam as plantas contra o estresse, insetos, doenças e mudanças climáticas.

Avaliada em 3,5 bilhões de dólares, a empresa trabalha com recursos de Big Data e Inteligência Artificial, acelerando pesquisas e descomoditizando a produção agrícola.

“Conheci David Perry, presidente e fundador da Indigo AG em 2017 e, hoje, temos o prazer de contar com a participação da Aline Araújo, gerente de Marketing, para apresentar a empresa”, disse Sylvia, durante o painel.

Aline de Araújo, diretora de Marketing da Indigo AG, relatou que a companhia tem “cinco anos de estrada e um ano de Brasil”, após abrir um escritório em São Paulo. “Trabalhamos com tratamentos biológicos de sementes de milho (no Brasil) e soja, e agora estamos realizando um estudo com algodão”, citou a executiva da Indigo AG.

Para ela, “a produção rural tem desafios gigantescos, principalmente porque precisa produzir mais por metro quadrado para alimentar uma população cada vez maior”. “E a qualidade dessa produção é cada vez mais importante e exigida pelos consumidores.”

De acordo com Aline, “a tecnologia é o caminho para solucionar esses desafios”. “Da mesma forma que a internet revolucionou o mercado de varejo, a tecnologia está revolucionando a agricultura”. “Nós [da Indigo] queremos criar um mundo onde os produtores e suas futuras gerações tenham um negócio rentável e sustentável”, comentou a diretora.

Para mais informações sobre a empresa, acesse www.indigoag.com/pt-br.

Case ABCBio

“O inimigo deve ser da praga e não do ser humano e do meio ambiente”, ressalta a diretora executiva da ABCBio, Amália Piazentini Borsari. Foto: L.A.L./SNA

Antes da apresentação dos trabalhos da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico, a coordenadora do CI Orgânicos/SNA, Sylvia Wachsner, lembrou que “há pouco tempo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, comentava que, no Brasil, o mercado de bioinsumos chegou a R$ 464,5 milhões, um crescimento de 77% (no ano passado) comparado com 2017”.

“A informação, que tinha como fonte a ABCBio, mostra como cresce, pelos produtores, a adoção dos agentes biológicos contra pragas e doenças. O controle biológico – como técnica avançada e eficiente composta por produtos que geram menos resíduos nos alimentos – é menos agressivo ao meio ambiente, às pessoas e aos animais, e ainda proporcionam maior produtividade ao agricultor”, disse Sylvia.

Diretora executiva da ABCBio, Amália Piazentini Borsari, comentou que, ao produzir bioinsumos “o inimigo natural só é seguro se passas por criteriosos testes científicos até chegar ao consumo final”. “O inimigo deve ser da praga e não do ser humano e do meio ambiente”, afirmou a executiva.

Para mais detalhes sobre as atividades da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico, visite o site www.abcbio.org.br.

Mapa elabora programa de insumos

“Para o Programa Nacional de Insumos para a Agricultura Orgânica, estamos trabalhamos com os recortes desse tipo de produção agrícola”, conta Mariane Vidal, do Mapa. Foto: L.AL./SNA

Em abril deste ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento criou um Grupo de Trabalho Técnico (GTT), que tem por finalidade discutir e promover a criação e a implantação do Programa Nacional de Insumos para a Agricultura Orgânica.

Durante sua participação no painel, a bióloga Mariane Carvalho Vidal, que faz parte do GTT, destacou que “essa proposta de construção (do programa de bioinsumos no Brasil) já vem de longo tempo, mas somente agora conseguimos de fato constituir, dentro do Ministério de Agricultura, esse programa que está sob a coordenação da (recém-criada) Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação.”.

“Para o Programa Nacional de Insumos para a Agricultura Orgânica, estamos trabalhamos com os recortes desse tipo de produção agrícola para que possa, inclusive, ser estendido a outros sistemas produtivos do País”, salientou Mariane. Para mais informações, acesse www.agricultura.gov.br.

Embrapa Agrobiologia

“As paisagens produtivas precisam assumir papéis multifuncionais”, diz Mairella Uzeda, da Embrapa. Foto: L.A.L./SNA

Bioinsumos, agrobiodiversidade e tecnologias associadas também foram temas abordados pela agrônoma Mariella Camardelli Uzeda, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia. Na ocasião, ela indicou os desafios da agricultura e a atuação da estatal diante de uma nova realidade rural e urbana, para o atendimento dos mercados internos e externos e a garantia da soberania alimentar.

“As paisagens produtivas precisam assumir papéis multifuncionais, que vão além da produtividade, como garantir a segurança alimentar e garantir a resiliência dos serviços ecossistêmicos”, comentou a especialista.

Em sua apresentação, ela também mostrou os bioinsumos produzidos na unidade e as tecnologias de manejo associadas aos distintos perfis da agricultura brasileira. Para mais informações, acesse www.embrapa.br/en/agrobiologia.

Case Korin

CEO da Divisão de Agricul­tura e Meio Ambiente da Korin, Luiz Carlos Demattê Fi­lho diz que empresa visa à promoção do equilíbrio biológico do solo e recuperação de solos degradados. Foto: L.A.L./SNA

A Korin Agricultura e Meio Ambiente, que também participou do painel do CI Orgânicos/SNA no Green Rio, possui amplo conhecimento em tecnologia sustentável, legado do Centro de Pesquisa Mokiti Okada, fundado em 1996, com o objetivo de promover e disponibilizar pesquisas com base nos princípios e práticas da agricultura natural e sustentável.

A empresa comercializa diversas linhas de produtos que visam à promoção do equilíbrio biológico do solo e recuperação de solos degradados, atuando de forma harmônica com o meio ambiente e de maneira saudável tanto para o produtor rural quanto para o consumidor.

CEO da Divisão de Agricul­tura e Meio Ambiente da Korin, Luiz Carlos Demattê Fi­lho apresentou a linha da bioprodutos da empresa: “Inicialmente, nossos princípios e conceitos deram mais ênfase a soluções para os solos. Hoje, temos linhas destinadas à produção animal, agrícola e vegetal, que visam à promoção do equilíbrio microbiológico dos ambientes produtivos”.

Informações sobre as atividades da empresa, visite o site oficial www.korin.com.br.

Case GR Agrária

Consultores da GR Agrária, Guilherme Ribeiro (esq.) e Guilherme Sá apresentam fertilizante feito, principalmente, de sangue bovino. Foto: L.A.,L../SNA

Fundada em 1972, a GR Agrária trabalha com a reciclagem de resíduos originários do abate de bovinos. No ano de 2008, a empresa sediada em Campos dos Goytacazes (RJ) agregou a coleta de óleo vegetal e, seis anos mais tarde, a coleta de resíduos orgânicos, resultado de uma pesquisa e parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).

A unidade de triagem e compostagem da companhia transforma resíduos de abate animal, principalmente sangue bovino e restos de podas urbanas em um fertilizante orgânico composto Classe A, que é utilizado na recuperação dos solos degradados, restaurando o equilíbrio biológico do solo.

O fertilizante é usado na fruticultura e na produção de grãos como café, feijão e milho. Para mais informações, acesse www.gragraria.com.br.

Conheça também os sites do Centro de Inteligência em Orgânicos, mantidos pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA): www.ciorganicos.com.br e www.organicsnet.com.br.

Por equipe A Lavoura com informações do CI Orgânicos/SNA

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