Brasil avança 69% nas queimadas, com mais de 21 mil focos em 2024

Quase dois anos após uma campanha eleitoral marcada pela promessa de contornar o que chamavam de sucateamento da política ambiental do governo de seu antecessor, o presidente Lula (PT) assiste inerte à escalada das queimadas de florestas brasileiras, que cobrem de fuligem sua retórica eleitoral. Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), as queimadas registram alta de 69%, de 1º de janeiro até ontem (21), em relação ao mesmo período de 2023.

Desde o inicio deste ano eleitoral de 2024, foram 21.289 focos de queimadas registrados pelo INPE. Um patamar recorde desde a série histórica iniciada em 1999, que teve seu pico de queimadas registrado em 2003, quando houve 21.260 focos. O nível de queimadas é quase o dobro das 12.018 identificadas pelo INPE no mesmo período do último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), em 2022.

O desempenho desastroso para o meio ambiente ocorre em meio a uma greve de servidores federais que já dura 142 dias, no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o que reduziu vertiginosamente a fiscalização.

Segundo levantamento da associação da categoria, Ascema Nacional, houve queda de mais de 55% na emissão de autos de infração no primeiro quadrimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2023, passando de 1318 para 594, de janeiro a abril. “Com isso, o valor total de multas no Brasil no primeiro quadrimestre despencou de R$ 1.727.176,51 para R$ 517.991,41, menos de um terço do valor anterior”, diz a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do PECMA.

Flerte com El Niño

Enquanto o Rio Grande do Sul convive com uma catástrofe ambiental histórica, com 161 mortos e 2,3 milhões de atingidos, a Ascema afirma que a falta de acordo com o governo do PT agrava um desastre ambiental histórico com a crise no combate a incêndio no Brasil. Eles destacaram que, de janeiro a abril, o aumento foi de 81% em relação ao mesmo período de 2023.

A Ascema destaca que o governo de Lula reduziu em 24% o orçamento do Ibama para o combater incêndios. E detalha que os R$ 50 milhões que restaram ao órgão para 2024 é menos da metade dos R$ 120 milhões pleiteados pelo o Ibama.

“Não há precedentes dessa quantidade de incêndios para esse período desde que os dados começaram a ser compilados, há 26 anos. Os números estão relacionados ao quadro de mudanças climáticas intensificado pelo fenômeno do El Niño, mas também podem ser atribuídos em parte aos cortes de orçamento, falta de estrutura, assim como pela falta de ações de prevenção diante da mobilização dos servidores, que mantém atividades de campo suspensas desde o início de janeiro”, afirma a Ascema

“A demora no processo de negociação decorrente da ausência de uma proposta justa para os servidores por parte do governo é um erro grave que já comprometeu o processo de contratação de brigadistas, e está prejudicando as ações de prevenção, realizadas por meio das queimas prescritas e atividades de educação ambiental. O governo precisa entender que sem o engajamento total dos servidores ambientais, a situação que se vislumbra para este ano é de uma catástrofe sem precedentes”, diz o presidente da Ascema, Cleberson Zavask, o “Binho”.

 

 

 

Mostrar mais artigos relacionados
Mostrar mais em Brasil
.