Nos primeiros quatro meses de 2024, o Brasil experimentou um número sem precedentes de incêndios florestais, com mais de 17 mil casos registrados, sendo mais da metade na Amazônia. As informações são da Folha de S. Paulo.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) atribuiu este aumento à influência das mudanças climáticas, que intensificam as secas. Em várias regiões, a prática de incêndios é comumente usada pelo setor agropecuário para criar pastagens e áreas de cultivo.
De acordo com imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgadas na quinta-feira (2), foram registrados 17.182 incêndios nos primeiros quatro meses de 2024. Isso representa um aumento de 81% em comparação com o mesmo período de 2023.
Este número de incêndios é o maior para este período desde que os dados começaram a ser coletados em 1998.
Na Amazônia brasileira, que abriga mais de 60% da maior floresta tropical do mundo, o Inpe registrou 8.977 incêndios de janeiro a abril, o maior número desde 2016. Esses dados representam um aumento de 153% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entre os estados da Amazônia Legal, Roraima liderou o aumento, com 4.609 incêndios registrados de janeiro a abril de 2024. Em seguida, vem Mato Grosso, com 4.131 focos, seguido por Pará (1.058), Maranhão (809), Tocantins (522), Amazonas (368), Rondônia (214), Acre (25) e Amapá (6).
A segunda área mais afetada pelos incêndios no período foi o cerrado, com 4.575 incêndios – um aumento de 43% em relação ao período de janeiro a abril de 2023.
“Os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região, como Chile e Colômbia, são intensificados pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, que causou estiagens prolongadas em diversas áreas da Amazônia em 2023”, afirmou o Ministério do Meio Ambiente em nota.
“O grave aquecimento registrado nos últimos meses provocou mudanças de padrão, como o avanço do fogo para áreas de vegetação nativa”, acrescentou.
Para o Observatório do Clima, uma rede que reúne mais de cem entidades socioambientais, o dado do primeiro quadrimestre é preocupante, “uma vez que a estação seca na Amazônia, no cerrado e no pantanal está apenas começando”.
“[A disparada] sugere que os impactos da seca extraordinária de 2023 ainda perduram e que a estação chuvosa de 2023/2024 não foi suficiente para umedecer o solo e impedir o fogo”, observa o grupo de ONGs, em comunicado.
“As queimadas estão batendo recordes mesmo com os alertas de desmatamento em queda no cerrado e na Amazônia nos primeiros meses do ano, o que sugere influência do clima. Se o governo não tomar medidas amplas de prevenção e controle, teremos uma catástrofe nos próximos meses”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Precisamos de uma ampla mobilização da União e dos governos estaduais, além de resolver a greve hoje instalada em órgãos ambientais, como o Ibama. Mas, infelizmente, o quadro que se desenha é de uma prorrogação indefinida da greve, já que o atual governo preferiu dar aumento à corporação que tentou impedir sua eleição do que aos servidores que entregam um dos seus principais resultados”, comenta ainda Astrini, em referência a reajuste dado à PRF (Polícia Rodoviária Federal).
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