Os pacientes que chegarem às unidades de saúde com sintomas gripais e informarem ter tomado a vacina irão facilitar o diagnóstico do coronavírus, explicou o ministro da Saúde. País teve 1º caso confirmado nesta quarta (26) pelo Ministério da Saúde.
O governo federal anunciou nesta quinta-feira (27), em São Paulo, que vai antecipar a campanha nacional de vacinação da gripe em 23 dias – a nova data prevista para o início é 23 de março. A decisão foi divulgada um dia após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil.
De acordo com Ministério da Saúde, a antecipação tem dois objetivos:
- facilitar o diagnóstico da síndrome respiratória Covid-19, causada pelo novo coronavírus
- evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado
A vacina contra a gripe não protege contra o novo coronavírus, mas, sim, contra outras “cepas de influenza” (família à qual pertence o H1N1, por exemplo). E justamente por isso pode ajudar a diagnosticar – por eliminação – eventuais casos de Covid-19.
Isso porque essas doenças contempladas pela vacina serão descartadas no caso de pacientes que chegarem às unidades de saúde com sintomas gripais e informarem ter sido imunizados.
O segundo aspecto diz respeito ao fato de que o número de pessoas com síndromes gripais seria muito maior se não fosse promovida a campanha de vacinação. Haveria, portanto, muito mais gente ocupando o sistema de saúde.
“Por que fazer a campanha? Por que recomendar a vacina? Se essa vacina me dá cobertura, ela deixa protegido contra essas cepas de influenza o sistema imunológico de 80% daqueles que tomam. Essas cepas virais que estão circulando e que são milhares de vezes mais comuns que o coronavírus”, explicou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na entrevista coletiva em São Paulo.
“Para um eventual profissional de saúde, [por exemplo] um médico, na hora em que um indivíduo, um mês depois, dois meses depois [de ter tomado a vacina], se ele tem um quadro gripal e informa que foi vacinado, auxilia muito o raciocínio desse profissional. Para pensar na possibilidade de outras viroses, que não aquelas que são cobertas pela vacina.”
Além do ministro, participam entrevista coletiva em São Paulo o secretário de Saúde do estado, José Henrique Germann; o coordenador do centro de contingência de São Paulo, David Uip; o governador João Doria; a diretora da vigilância sanitária estadual, Helena Sato; o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; e Cléber Mata, da comunicação do governo.
Segundo o governo de São Paulo, depois do primeiro caso confirmado, o estado passou a monitorar 85 casos suspeitos.
Mandetta disse que esse aumento era esperado depois que a Itália foi incluída na lista de países em monitoramento de casos suspeitos.
“As combinações da Itália como destino turístico – é um dos países mais visitados do mundo, a Lombardia é uma das regiões mais visitadas do planeta. Era muito claro, nós dissemos no dia: ‘Vão aumentar os casos suspeitos'”, afirmou o ministro.
Também na coletiva, o médico infectologista David Uip explicou como funcionará o centro de contingência para monitorar casos suspeitos de coronavírus montado pelo governo de São Paulo.
“Este centro está montado composto com experts na área de infectologia. A primeira informação é que estamos diante de um processo conhecido. O coronavírus não é novo: nós estamos lidando com uma variação genética. Vivemos isso com H1N1, com dengue, com sarampo. Então, nós estamos preparados para lidar com uma situação que é conhecida”, disse o médico.
“Paciente com tosse e [fica] com febre fica em casa. Deverão procurar um serviço de saúde aqueles com complicações respiratórias. Essa febre foi e voltou? Procura o atendimento. Começou a ter dificuldade pra respirar? Procura um serviço de saúde.”
Caso confirmado
O paciente que teve os exames confirmados para Covid-19 é um morador de São Paulo de 61 anos que viajou para o norte da Itália entre 9 e 21 de fevereiro. O paciente tem sinais brandos da doença, como tosse, e está em isolamento domiciliar.
Os exames de detecção da doença são feitos a partir da coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou coleta de secreções da boca e nariz), que é realizado pelo hospital que atendeu o caso suspeito e encaminhado ao laboratório de saúde pública na capital.
Os dados oficiais estão sendo registrados pelos municípios em um sistema de notificação do Ministério da Saúde.
Como é o diagnóstico de coronavírus pelo Ministério da Saúde. — Foto: Arte/G1
Por G1