Em coletiva de imprensa ocorrida na terça-feira, em Jales (SP), a Delegacia de Polícia Federal do município informou que o campus de Fernandópolis (SP) sofrerá intervenção judicial. Além disso, o local será gerenciado provisoriamente por uma comissão do MEC (Ministério da Educação). Desta forma, conforme a Polícia Federal, isso garantirá tanto o ressarcimento aos cofres públicos, como também o regular funcionamento da instituição. No começo da semana, 77 mandados judiciais expedidos pela corporação foram cumpridos em cidades paulistas, inclusive em Presidente Prudente.
A medida foi tomada em decorrência da Operação Vagatomia, que investiga supostas fraudes na concessão do Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e na comercialização de vagas e transferências de alunos do exterior (principalmente Paraguai e Bolívia) para o curso de Medicina em Fernandópolis. Bolsas do Prouni (Programa Universidade para Todos) e fraudes relacionadas a cursos de complementação do exame Revalida (Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira) também estão sob investigação da Polícia Federal.
Presidente preso
Durante a operação, foi preso o presidente da Uniesp (União Nacional das Instituições de Ensino Superior Privadas) e Universidade Brasil, José Fernando Pinto da Costa. Além dele, outras 21 pessoas foram presas por supostas participações no esquema. Entre os envolvidos também está o venceslauense Mauro Villanova e pessoas ligadas à diretoria do campus. Estima-se que o esquema tenha movimentado aproximadamente R$ 500 milhões. Em comunicado geral, a universidade informou que as atividades acadêmicas e administrativas “seguirão as rotinas ordinariamente, a despeito dos recentes fatos ocorridos”.
“A instituição de ensino esclarece também que está integralmente à disposição da Polícia Federal, assim como às demais autoridades em todas as esferas, para colaborar com quaisquer investigações e também para prestar todos os esclarecimentos que se façam necessários”, pontua. A respeito da medida que garante ao MEC o controle da instituição, a Assessoria de Imprensa da Universidade Brasil disse que aguarda uma resposta da direção.
Pais e alunos
Ainda de acordo com a PF, os alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga e/ou financiamentos públicos, também responderão pelos crimes em investigação na medida de suas culpabilidades. Nova investigação será iniciada imediatamente pela PF objetivando identificar todos os pais e alunos que concordaram em pagar pelas fraudes praticadas pela organização criminosa e, portanto, também praticaram crimes.
Entenda o esquema
De acordo com as investigações, as “Assessorias educacionais”, com o apoio dos donos e toda a estrutura administrativa da universidade negociaram centenas de vagas para alunos que aceitaram pagar pelas fraudes a fim de serem matriculados no curso de medicina.
Entre estes alunos, que compraram suas vagas e financiamentos, existem filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos do dono da universidade, todos com alto poder aquisitivo, que mesmo sem perfil de beneficiário do FIES, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do Governo Federal. Com a sistemática atual de inclusão de dados e aprovação do Fies pelas próprias universidades privadas (beneficiárias dos recursos que aprovam) a PF estima que milhares de alunos carentes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão destas fraudes.
Portal Bueno