A informação foi confirmada nesta sexta-feira pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Segundo o órgão, a velocidade de deformação na porção inferior da estrutura é de 12,9 centímetros por dia
A movimentação do talude da mina Gongo Socco, da Vale, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas Gerais, aumenta a cada dia. De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), em alguns pontos da estrutura, já atinge 16 centímetros por dia. A queda da estrutura pode provocar o rompimento da barragem Sul Superior. A Defesa Civil Estadual está com todo o efetivo na cidade para auxiliar a população. A mineradora afirma que segue o monitoramento das estruturas.
Por meio de nota, divulgada na tarde desta sexta-feira, a ANM informou que a velocidade de deformação do talude norte já atinge 16 centímetros/dia em alguns pontos da estrutura. Já na parte inferior, a movimentação é de 12,9 centímetros/dia.
A Defesa Civil Estadual está na cidade para auxiliar em caso de rompimento da barragem Sul Superior. O órgão ressalta que existe a possibilidade da estrutura ruir com a queda do talude, mas não é certo que irá acontecer. “O que está em risco neste momento é o talude, que continua se movimentando. Neste manhã, tivemos uma movimentação de 12 centímetros. Ele vem se movimentando diariamente, e continuamos monitorando 24 horas. Se este talude se romper, não existe nenhum estudo técnico que afirma que a barragem possa vir a romper em função da queda da estrutura. É uma possibilidade”, informou o coordenador-adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), tenente-coronel Flávio Godinho.
Em entrevista, Godinho afirmou que, mesmo sem ter estudos técnicos que comprovem o rompimento da barragem, o órgão trabalha com o pior cenário. “A Defesa Civil desde o primeiro momento que aportamos em Barão de Cocais, trabalhamos com o pior cenário. Hoje nós temos uma comunidade aqui que adoeceu com isso. Que sofre, que a cada momento é potencializada com notícias ruim. Trabalhamos com o pior cenário possível para fazer um trabalho preventivo para que todas as pessoas pudessem qual o seu local seguro”, informou
“Para você de Barão de Cocais, a gente sabe que o momento é ruim, momento de angústia e de tristeza. Mas, estamos aqui com todo efetivo, todas as ações para dar segurança a você”, alertou.
Novo estudo
Um novo estudo de impacto do rompimento da barragem Sul Superior, da mineradora Vale, em Barão de Cocais, divulgado nessa quinta-feira, aponta para “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” em três municípios, além de possíveis interrupções de estradas e problemas com abastecimento de água e de luz.
O estudo, que no meio técnico do setor é conhecido como “dam break”, relata ainda possibilidade de “danos estruturais em pontes e travessias importantes nos municípios atingidos”. Além de Barão de Cocais, os municípios a serem afetados pela lama são Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Nas três cidades, a população que precisará ser retirada de casa para não ser levada pela lama ultrapassa 10 mil pessoas, sendo 6.052 em Barão de Cocais, 2.444 em São Gonçalo do Rio Abaixo e 1.700 em Santa Bárbara.
“Este novo estudo de dam break trás uma projeção de lama ao final de aproximadamente 40 quilômetros. Este novo estudo foi feito com o total de 100% do rejeito carreando para área de inundação. Nós temos na literatura que aproximadamente o rejeito percorre em torno de 70%. Então essa é uma situação nova, mas que todo o trabalho já feito pela Defesa Civil ele engloba inclusive essa nova mancha que foi apresentada”, explicou Godinho.
Posicionamento da Vale
Por meio de nota, a Vale informou que adotou todas as medidas preventivas em Barão de Cocais, desde o dia 08 de fevereiro, com o objetivo de assegurar a segurança dos moradores da região. “
Além da retirada preventiva dos moradores da Zona de Autossalvamento, a Vale apoiou as autoridades na realização de simulados e na preparação das comunidades para todos os possíveis cenários, com equipes de prontidão permanentemente”, disse.
A mineradora informou, ainda, que o talude da mina de Gongo Soco e a Barragem Sul Superior estão sendo monitorados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente.” A Vale reforça que não há elementos técnicos que possam afirmar que o eventual deslizamento de parte do talude poderia desencadear a ruptura da barragem. Mesmo assim, reitera que todas as medidas preventivas foram tomadas e segue à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível”, finalizou.
Por João Henrique do Vale/em.com.br