O tsunami de Covid-19 causado no país pela variante Ômicron junto das festas de fim de ano e flexibilizações na quarentena quebrou nesta terça-feira (18) mais uma marca: nas últimas 24 horas foram registrados 137.103 novos casos de Covid-19 no Brasil. O novo recorde é quase 20% maior que o anterior, de 23/06 do ano passado, quando 115.228 pessoas foram infectadas com o novo coronavírus.
Com o número divulgado hoje, a média móvel dos últimos sete dias também supera qualquer marca anterior. Em média, de acordo com os dados do Ministério da Saúde recolhidos junto às Secretarias estaduais de Saúde, são 83.205 novos casos diários da doença. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +575%, indicando tendência de alta nos casos da doença.
O fenômeno não é isolado. Países europeus como a França também registraram recorde de casos de Covid-19, enquanto o mundo apresenta uma média de casos muito acima de qualquer momento anterior da pandemia. A média móvel nesta segunda-feira (17) estava próxima dos 3 milhões de novos casos por dia. Antes da variante Ômicron do coronavírus, a maior média havia sido apontada em 29/04/2021, quando 904.118 pessoas se infectaram com o Sars-Cov-2.
Em todo o país morreram 351 pessoas por Covid-19. Ao todo, desde o começo da pandemia, são 621.578. Com as mortes mais recentes, a média móvel nos últimos 7 dias é de 185 – um aumento de 88% em relação a duas semanas atrás, indicando tendência de alta nos óbitos decorrentes da doença.
O último boletim Infogripe, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que analisa os dados inseridos no Sivep-gripe até o dia 13/01 aponta também tendência de forte crescimento no número de casos em todo país a curto e longo prazo.
Uma análise feita pelo Instituto Todos pela Saúde, em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular, mostrou que 98,7% dos casos de covid são causados pela variante Ômicron. Foram analisadas 3.212 amostras de coronavírus e, entre elas, 3.171 correspondem à infecção pela variante. Foram coletadas 8.121 amostras entre 2 e 8 de janeiro de 2022.
Falta de testes
Em meio ao tsunami de novos casos na quarta onda do coronavírus, ocorreu nos últimos dias uma corrida a postos de saúde, laboratórios e farmácias em busca de testes de detecção de Covid-19. Na última sexta-feira (14), pacientes aguardavam até seis horas para conseguir realizar consulta com clínico geral e o teste rápido. Os casos que apresentavam resultados positivos realizam nova coleta para exame RT-PCR com resultado três dias depois.
“Tem que chegar aqui muito cedo, senão você não é atendido; há uma quantidade limitada de vagas para atendimento por dia, e hoje foram só 40 vagas”, conta a aposentada Maria Lúcia Alves, que chegou às 6h da manhã à UBS Campo Grande, no Jardim Romano, zona sul de São Paulo. Acompanhada de duas filhas, ela saiu às 14h da tarde com resultado negativo para Covid-19. As filhas não tiveram a mesma sorte. Ambas se reuniram com 10 familiares poucos dias antes. Metade deles foi infectado – um fenômeno que vem se tornando cada vez mais comum.
Em família, Regina Caliopo e a irmã esperaram mais de seis horas para conseguirem serem avaliadas na UBS Jardim Edite, também na zona sul da capital. “Estou aqui há 5 horas e faz uns 15 minutos que passei na triagem. A demora é muito grande, mas nas farmácias, mesmo pagando, você não consegue fazer o teste em menos de uma semana”, comenta a vendedora que frequentava a unidade próxima do seu trabalho. No posto de saúde mais próximo da sua casa, em Santo Amaro, já não havia mais testes rápidos disponíveis, segundo ela.
Nesta segunda-feira, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou que a prefeitura possui testes para detectar a Covid-19 suficiente para somente duas semanas. “Temos quantidade para mais 15 dias. Até lá, seguramente, os testes que compramos e os que serão comprados pelas OSs (Organizações Sociais de Saúde) vão garantir um reabastecimento na rede”, disse Aparecido.
Segundo a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) foram realizados mais de 150 mil testes de Covid-19 entre os dias 10 e 11 de janeiro. A alta testagem revelou um índice de 36,63% de infectados com o novo coronavírus.
Por conta da alta demanda a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) apontou a possibilidade de falta de testes de Covid-19 por conta do esgotamento de insumos necessários a laboratórios e clínicas.