“Região de Prudente foi categorizada como área de extrema importância biológica”

Djalma Weffort, ambientalista e presidente da Apoena

Em mais de 32 anos de atuação na região, a Apoena (Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar) desenvolve trabalhos importantes em prol à conservação do meio ambiente. Referência como a primeira ONG (organização não-governamental) do Oeste Paulista deste cunho, teve papel relevante na criação dos parques estaduais Morro do Diabo, Peixe e Aguapeí, Estação Ecológica Mico-Leão-Preto, RPPN Foz do Aguapeí e, atualmente, na consolidação do Parque Apoena que, em parceria com instituições, restaurou mais de 600 hectares de área degradada, com o plantio de 1,2 milhão mudas nativas. Na edição de hoje, o presidente da Apoena, Djalma Weffort, faz um panorama sobre o tema e os trabalhos regionais.

O Imparcial: Como surgiu a sua dedicação pelo meio ambiente? Quais os frutos que colhe no trabalho voluntário na Apoena?
Djalma: Nasci em Presidente Prudente, mas, ainda menino de colo vim com meus pais que se mudaram para Presidente Epitácio para tentar a vida como comerciantes. Aqui, cresci em contato com natureza, nadando nos córregos e nos rios, o que talvez explica a minha paixão pelo meio ambiente. Na área ambiental, recebi o prêmio Mico-Leão-Preto, em reconhecimento pelo trabalho em defesa da Mata Atlântica, e em dezembro de 2015, participei da COP 21, em Paris, onde a Apoena assinou o Protocolo Climático do Estado de São Paulo, como instituição que contribui para a redução de gases de efeito estufa.

Como analisa a situação ambiental da região de Presidente Prudente?
Desde o início da colonização, perdemos mais de 90% da floresta, convertida para agricultura e pecuária. A história da ecologia registra uma das mais brutais investidas contra os nossos recursos naturais por meio de desmatamento em larga escala, uso de tratores e ‘correntões’ e desfolhantes químicos associados a queimadas. Em que pese tal histórico e a insuficiência de estudos em vários campos da biologia, por exemplo, na conservação de répteis e anfíbios, a região foi categorizada pela Ministério do Meio Ambiente como área de extrema importância biológica para a conservação de mamíferos, invertebrados, flora e importância dos ecossistemas para a conservação de aves.

Quais os tipos de vegetação mais comuns?
Estudos como os de impacto ambiental e relatório de impacto sobre o meio ambiente, elaborados pela Cesp [Companhia Energética de São Paulo] para a formação do lago de Porto Primavera, indicam que, além de espécies vegetais da Mata Atlântica, temos espécies representativas do Cerrado, Amazônia e até mesmo da Caatinga, numa ecorregião que os estudiosos denominam como ecótono ou zona de transição entre tipos de vegetação distintas.

E na fauna, quais animais podem ser encontrados, ou estão sob risco de extinção?
Entre as espécies mais ameaçadas está a onça-pintada, restando apenas alguns indivíduos nas unidades de conservação; jaguatirica, anta, cervo-do-pantanal; o raro lobo-guará; gato-mourisco; e a espécie símbolo da luta pela conservação em São Paulo, o mico-leão-preto, primata endêmico da região, isto é, só existe aqui. Somos também privilegiados com a ocorrência de mais de 300 espécies de aves, entre as quais, a arara-vermelha e a arara-canindé, dentre outras; e o socoí-vermelho, recém-registrado pela primeira vez na região pelo fotógrafo Peter Mix, da Apoena.

A Apoena tem contribuído para alcançar avanços ambientais. Quais os projetos desenvolvidos?
São centenas, mas, lembraria como bastante relevantes os que envolvem parcerias com o governo, universidades, ONGs, Ministério Público: Proter, Esalq/USP, principalmente sobre Sistemas Agroflorestais voltados para a agricultura familiar sustentável, fizemos com o WWF/Brasil, o seminário para a disseminação da Visão de Biodiversidade da Ecoregião Florestas Alto do Paraná, a construção do Centro de Educação Ambiental, na Orla Fluvial de Epitácio. Em 2015, iniciamos o projeto Plantando Árvores, Aproximando Pessoas; e o projeto de restauração com 100 mil árvores, selecionado no âmbito do Acordo Judicial entre Ministério Público Federal e Estadual em compensação ambiental a formação do lago de Porto Primavera, ora em desenvolvimento.

Quais as principais preocupações da Apoena?
É a política nociva que o governo federal vem perpetrando contra o meio ambiente que compromete a biodiversidade e as riquezas naturais não só da Mata Atlântica, como também do Cerrado e Amazônia e os demais biomas brasileiros.

Nome: Djalma Weffort
Estado Civil: Casado com Cristine Chiarello Weffort
Filhos: Isabela, Lorenzo e Eduardo Ettore.
Formação: Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.
Contato: (18) 3281-3371 | apoena@apoena.org.br

O Imparcial

 

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