As intensas chuvas que afetaram o Rio Grande do Sul neste mês resultaram na destruição de aproximadamente 200 mil veículos, conforme publicado pelo jornal O Globo. Imagens aéreas evidenciam uma extensa área repleta de carros abandonados, submersos e em processo de deterioração. Além do considerável prejuízo estimado em cerca de R$ 8 bilhões pela indústria automobilística, a situação apresenta desafios tanto para a política ambiental sob a gestão do governador Eduardo Leite (PSDB), quanto para as seguradoras.
Segundo a Bright Consulting, empresa especializada em consultoria automotiva, a estimativa do número de veículos atingidos é baseada na frota estadual de 2,8 milhões de unidades. O impacto se estende ao mercado nacional, como demonstrado por um declínio de 5,4% nas vendas na semana anterior, atribuído à ausência de compradores gaúchos.
Para além dos carros abandonados nas vias públicas, as concessionárias de automóveis também enfrentam repercussões negativas. O presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Sul (Sincodiv-Fenabrave RS), Jefferson Fürstenau, estima a perda de mil veículos novos, totalizando um prejuízo entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões, considerando danos aos carros seminovos, às instalações físicas e aos sistemas elétricos. Cerca de 300 das 720 concessionárias no estado foram afetadas pelas inundações e estão temporariamente inoperantes.
Além das consequências econômicas, a inundação dos veículos levanta preocupações ambientais. A professora Karina Ruschel, do Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da PUC-RS, alerta para os riscos de corrosão de materiais e vazamento de combustível, especialmente se os automóveis não receberem o descarte adequado.
Em relação aos seguros, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) iniciou a contabilização das perdas, indicando que, até a última quinta-feira, mais de 8,2 mil veículos tiveram indenizações comunicadas, totalizando mais de R$ 557 milhões. O Sindsegrs assegura estar preparado para lidar com eventos de grande magnitude como este.
A extensão dos danos nos veículos varia conforme a quantidade de água infiltrada e o tempo de submersão. Modelos menos tecnológicos podem ser recuperados com maior facilidade. No entanto, a cobertura contra inundações e alagamentos nem sempre está incluída em todas as apólices de seguro.
O panorama futuro para o setor automobilístico é desafiador. A ausência de um plano governamental de recuperação dos veículos danificados e a possibilidade de aumento na inadimplência devido à perda não apenas do patrimônio, mas também da capacidade de pagamento de financiamentos, sugerem um cenário econômico adverso nos próximos meses, segundo análise de André Moreira Cunha, vice-diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRS.
Gazeta Brasil