Trabalhadores Sindicalizados no Brasil Atingem Menor Percentual da História, Segundo IBGE
O número de trabalhadores associados a sindicatos no Brasil atingiu um novo patamar mínimo em 2023, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De um total de 100,7 milhões de trabalhadores ocupados no país, apenas 8,4 milhões estavam filiados a sindicatos, a menor proporção desde o início da série histórica em 2012.
Principais Dados:
- Total de trabalhadores sindicalizados: 8,4 milhões (8,4% do total de ocupados)
- Queda anual: Redução de 7,8% em comparação a 2022 (9,1 milhões)
- Histórico: Primeiro ano com menos de 9 milhões de sindicalizados
- Comparação com 2012: O número de sindicalizados caiu de 14,4 milhões (16,1% do total) para 8,4 milhões, uma redução de 41,6%
Contexto e Impactos:
A pesquisa Pnad Contínua do IBGE, que aborda “características adicionais do mercado de trabalho”, indica que o declínio na sindicalização se intensificou após a reforma trabalhista de 2017. A reforma aboliu a contribuição sindical obrigatória e permitiu negociações individuais sobre banco de horas e jornadas.
Declarações e Análises:
Segundo William Kratochwill, analista do IBGE, “a mudança na legislação trabalhista coincide com a variação mais acentuada na queda da sindicalização”. Em 2017, havia quase 13 milhões de sindicalizados (14,2% do total de ocupados).
Distribuição Regional e Setorial:
- Menor percentual regional: Norte (6,9%)
- Maiores percentuais regionais: Nordeste (9,5%) e Sul (9,4%)
- Setores com maior sindicalização: Empregados no setor público (18,3%), trabalhadores familiares auxiliares (10,4%) e empregados com carteira assinada no setor privado (10,1%)
- Setores com menor sindicalização: Trabalhadores domésticos (2%) e empregados no setor privado sem carteira assinada (3,7%)
Impacto entre Jovens:
A redução foi mais acentuada entre os trabalhadores mais jovens:
- Faixa etária de 14 a 17 anos: Redução de 84,5% de 2012 para 2023
- Faixa etária de 18 a 24 anos: Queda de 73,4%
Outros Dados da Pesquisa:
A Pnad Contínua também revelou que 33% dos empregadores ou trabalhadores por conta própria tinham registro de CNPJ em 2023, uma leve queda em relação a 2022 (34,2%). No início da série histórica, em 2012, o percentual era de 23,9%.
Local de Trabalho:
- Estabelecimento próprio: 59,1% dos trabalhadores atuavam em 2023 em locais como lojas ou fábricas.
- Home Office: 8,3% trabalhavam em casa, um aumento em comparação com o período pré-pandemia (5,8% em 2019).
- Veículo automotor: 4,8% utilizavam veículos como local de trabalho, refletindo o crescimento de categorias como motoristas de aplicativos.
O estudo do IBGE reflete as mudanças estruturais e legais no mercado de trabalho brasileiro, destacando a significativa queda na sindicalização e o impacto contínuo da reforma trabalhista de 2017.
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