Cidades mineiras de grande porte, como Ipatinga e Patos de Minas, já não obrigam cidadão a usarem máscaras ao ar livre. Proteção é essencial segundo a Fiocruz
Estado de Minas
O abandono do uso de máscaras, como já ocorre em cidades como Ipatinga e Patos de Minas que não exigem mais legalmente a proteção é criticado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que defendem o passaporte vacinal para eventos com aglomeração. Segundo os cientistas, só a vacinação não terminará com a pandemia.
Observando a vacinação e o comportamento das infecções do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Europa, afirmam que apenas a vacinação não será suficiente para acabar com a pandemia, ou pelo menos novos surtos no Brasil.
Em boletim publicado pelo Observatório COVID-19 da instituição, pesquisadores são categóricos: pelo ‘retorno do confinamento e lockdown em diversos locais da Europa, principalmente naqueles em que a cobertura vacinal não progrediu a níveis satisfatórios, comprova-se que a COVID-19 ainda representa um desafio em escala global. Definitivamente, a vacinação, descolada de outras recomendações não farmacológicas, não será suficiente para determinar o fim da pandemia’.
E o comportamento do brasileiro, de acordo com a avaliação dos seus pesquisadores, não tem colaborado para auxiliar a cobertura vacinal no combate ao vírus pandêmico.
“Foram observadas iniciativas de abandono de medidas (de prevenção), especialmente a liberação do uso das máscaras e o relaxamento das medidas de distanciamento físico. Isto se dá não só pela baixa adesão populacional, mas principalmente pelo desincentivo da gestão à sua adoção”, considera.
O que se percebe, segundo os levantamentos do Observatório, é que, no Brasil, desde meados de julho, o índice de permanência domiciliar se encontra abaixo de zero. “Isto significa que a população brasileira, hoje, tem circulado nas ruas de forma mais intensa do que antes da pandemia. Vale ressaltar que este é o padrão do Brasil como um todo e há diferenças em outras escalas, como os estados ou os municípios”.
Ainda assim, os dados da Fiocruz permitem dizer que é uma circulação de grande intensidade. “Este padrão é especialmente Distanciamento físico preocupante em um cenário em que os índices de transmissão ainda são considerados altos no país.”
“É importante reforçar que a ausência de distanciamento físico pode ser observada a partir de formas distintas de aglomeração, desde o transporte público até atividades de comércio e lazer. Em qualquer destas situações há uma exposição prolongada de pessoas em espaços confinados. Além disso, aglomerações em espaços abertos podem igualmente representar risco, já que a proximidade entre as pessoas é determinante do contágio”, afirma o Observatório.
Os cientistas observam que há muita expectativa, com a proximidade do fim do ano, de que eventos como o réveillon e o carnaval de 2022 ocorrerão da mesma forma como eram programados antes da pandemia, promovendo intensa aglomeração nas ruas e transportes públicos.
“A iminência das férias escolares também cria uma atmosfera de ‘novo normal’, com uma abertura completa e irrestrita para viagens, passeios ao ar livre, atividades recreativas e oferta de serviços. Embora o avanço da cobertura vacinal no país esteja trazendo benefícios inegáveis para a mitigação da pandemia, esta estratégia não pode ser tratada como a única medida necessária para interromper a transmissão do vírus entre a população”, afirma a Fiocruz.
Para a fundação ainda não é o momento de abandonar hábitos que ‘só tem trazido benefícios’, como as medidas de proteção individual e o uso de máscaras, assim como as restrições de circulação em espaços de grande aglomeração.
“A recomendação é de que, enquanto se caminha para um patamar ideal de cobertura vacinal, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos sejam mantidas e que a realização de atividades que representem maior concentração e aglomeração de pessoas só sejam realizadas com comprovante de vacinação”, afirma.