Caos do socialismo: a comida simplesmente acabou em CUBA

No domingo, centenas de protestos eclodiram de forma espontânea em diversas cidades de Cuba, impulsionados pelos persistentes problemas de apagões diários, escassez de alimentos, falta de água potável e demandas por liberdade. Esses protestos foram os maiores desde os ocorridos em julho de 2021, quando milhares foram detidos e sentenciados. No entanto, a repressão policial conteve as manifestações populares, enquanto o serviço de internet foi imediatamente bloqueado pela empresa estatal de telecomunicações, em uma ação coordenada.

Desta vez, porém, o regime reagiu rapidamente para conter as demandas da população e sufocar os gritos de “fome”, “eletricidade” e “pátria e vida”: no dia seguinte, enviou caminhões com alimentos a Santiago de Cuba, o epicentro dos protestos. O presidente Miguel Díaz-Canel se disse pronto para atender “às reclamações do povo, ouvir, dialogar e explicar os esforços realizados para melhorar a situação”.

Difícil será apaziguar os cubanos sobre o aumento de mais de 500% no preço do combustível em março, a inflação galopante e a crise econômica que desvaloriza o salário a tal ponto de valer menos do que uma caixa de ovos. Cerca de 70% dos aposentados vivem com pensões equivalentes a US$ 5 mensais (R$ 25), e os apagões afetam mais da metade da ilha e duram até 12 horas por dia.

Díaz-Canel culpou, como o esperado, os “inimigos da Revolução”, instalados em Miami, por incitarem os protestos. Artistas como Alejandro Sanz, Yotuel, Aymée Nuviola e Carlos Mussola gravaram vídeos, incentivando as manifestações e pregando o fim do regime.

“Cuba está nas ruas. A Revolução é um fracasso e vocês se fazem de cegos em benefício próprio. Nada presta na sua asquerosa Revolução, nem o sistema de saúde, nem a educação, nem a alimentação”, escreveu o músico Randy Malcom, da banda Zona de Gente.

Bode expiatório

No último mês, o presidente demitiu o então ministro da Economia, Alejandro Gil Fernández, que foi responsabilizado por tentar implementar reformas impopulares, como o aumento dos preços para conter o déficit fiscal, e serviu como bode expiatório. No entanto, o governo alegou que a demissão ocorreu devido a graves erros e ao início de uma investigação sobre corrupção, embora não tenha especificado as irregularidades cometidas pelo ministro.

Os argumentos de Díaz-Canel, que culpam os protestos à ação de terroristas de Miami e ao bloqueio econômico, estão perdendo credibilidade diante da realidade cotidiana e do crescente descontentamento dos cubanos. Assim como nos protestos de 2021, os atuais também começaram em um domingo.

“Você não precisa de nenhum ‘plano da CIA’ ou de seguir o conselho de qualquer influenciador para explodir de raiva aos domingos. Basta saber que há muitos anos o domingo é o pior dia da semana para os cubanos”, afirmou o escritor Ernesto Perez Chang, em artigo no site de notícias Cubanet.

Com informações de G1

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