Inchaço do pênis e dor no reto são novos sintomas da varíola dos macacos, aponta estudo do Reino Unido

Todos os 197 participantes eram homens, de 21 a 67 anos, e 196 identificados como gays, bissexuais ou outros homens que fazem sexo com homens

Cientistas têm descrito novos sintomas associados à varíola dos macacos. Pesquisadores do Reino Unido divulgaram, em um estudo publicado no periódico BMJ, dois novos sinais da doença: dor na região do ânus e inchaço do pênis.

Os especialistas sugerem que as manifestações clínicas devem ser incluídas nas orientações de saúde pública e aos profissionais para auxiliar no diagnóstico precoce e reduzir a transmissão da doença.

Os pesquisadores britânicos realizaram uma análise observacional de 197 pessoas que tiveram o diagnóstico da monkeypox confirmado laboratorialmente, testadas e acompanhadas por meio de um centro de doenças infecciosas de alta consequência do Sul de Londres.

O centro é um dos cinco institutos desse tipo no Reino Unido e atende a uma população do Centro e do Sul da capital britânica.

As amostras das lesões foram coletadas em serviços comunitários de saúde sexual e do tratamento do HIV, no momento da internação hospitalar ou da transferência dos pacientes.

O material foi processado no Laboratório de Patógenos Raros e Importados em Porton Down, no Reino Unido.

Segundo o estudo, as pessoas com infecção suspeita e confirmada foram divididas e tratadas de acordo com a gravidade da doença, estado imunológico e sua capacidade de auto isolamento.

Como parte do atendimento clínico de rotina, os indivíduos foram avaliados clinicamente antes do teste.

Todas as pessoas com resultado positivo no teste de diagnóstico molecular participaram de uma consulta por telefone para serem aconselhadas sobre o resultado e para realizar uma avaliação de risco.

Os indivíduos que participaram do estudo foram testados entre 13 de maio e 1º de julho e identificados por meio de rastreamento de rotina de amostras enviadas do laboratório de virologia. Aqueles que testaram positivo foram incluídos no estudo mais aprofundado.

De acordo com o estudo, a idade média dos participantes foi de 38 anos. Todos os 197 participantes eram homens, de 21 a 67 anos, e 196 identificados como gays, bissexuais ou outros homens que fazem sexo com homens.

Todos apresentavam lesões na pele, mais comumente nos genitais (56,3%) ou na região perianal (41,6%). Do total, 170 (86,3%) participantes relataram doença sistêmica.

Os sintomas sistêmicos mais comuns foram febre (61,9%), aumento dos gânglios ou linfadenopatia (57,9%) e dor muscular (31,5%).

Entre os pacientes, 102 (61,5%) desenvolveram características sistêmicas antes do início das manifestações na pele e 64 (38,5%) após. Outros 27 (13,7%) apresentaram exclusivamente manifestações na pele sem características sistêmicas.

Ao menos 71 pacientes (36%) relataram dor retal, 33 (16,8%) dor de garganta e 31 (15,7%) inchaço (edema) peniano. Pelo menos 27 (13,7%) apresentavam lesões orais e 9 (4,6%) sinais de alteração nas amígdalas.

Dos 31 participantes que relataram edema peniano, cinco tinham ou fimose complicações associadas (parafimose) documentadas. Um participante, um homem circuncidado de 34 anos, apresentou múltiplas lesões penianas com edema associado clinicamente significativo.

O estudo aponta que 70 (35,9%) participantes tinham infecção concomitante pelo HIV e 56 (31,5%) das pessoas rastreadas para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) tinham uma infecção concomitante.

No geral, 20 (10,2%) participantes foram internados no hospital para o cuidado dos sintomas, mais comumente dor retal e inchaço peniano.

“Dor retal e edema peniano foram as apresentações mais comuns que exigiram internação hospitalar nesta coorte, mas esses sintomas não estão atualmente incluídos nas mensagens de saúde pública. Recomendamos que os médicos considerem a infecção por varíola dos macacos naqueles que apresentam esses sintomas”, diz o estudo.

Os especialistas recomendam que indivíduos com infecção confirmada com lesões penianas extensas ou dor retal intensa devem ser considerados para revisão contínua ou tratamento hospitalar.

Em geral, a varíola dos macacos começa com uma febre súbita, forte e intensa. O paciente também tem dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e fundamentalmente o aparecimento de gânglios (inchaços popularmente conhecidos como “ínguas”), que podem acontecer tanto na região do pescoço, na região axilar, como na região genital.

O vírus da varíola dos macacos é transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.

O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.

Agência Brasil

Mostrar mais artigos relacionados
Mostrar mais em Mundo
.