Gaeco apreende mais de R$ 1,6 milhão durante operação que apura desvios público na COHAB de Bauru

Operação João de Barro combate desvio de dinheiro público na Cohab de Bauru (SP)

O Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta terça-feira (17) a Operação João de Barro, que apura crime de desvio de dinheiro público da Companhia de Habitação Popular de Bauru (Cohab), além dos crimes de constituição e participação em organização criminosa, lavagem de capitais e outros.

Durante a operação, foram apreendidos R$ 1.607.000,00 em notas de reais em um dos 14 endereços onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. A maior quantidade de reais estava dentro de uma mala separadas em blocos com notas de R$ 100. Também foram encontradas notas em gavetas da casa.

Ainda foram apreendidos 30 mil em notas de dólares, euros e libras. Segundo o Gaeco todo esse valor foi depositado em juízo.

Todo esse dinheiro foi encontrado em uma casa no Villagio 3, onde mora o presidente da Cohab, Edison Gasparini Júnior. Os nomes dos demais envolvidos na investigação não foram informados.

A investigação teve origem a partir de representação recebida em 27 de outubro de 2018 que, após análise prévia, deu origem ao procedimento investigatório criminal número 082/2018, instaurado em 10 de janeiro de 2019.

Em Brasília, foi cumprido um mandado de busca. Outros 13 foram cumpridos nas cidades de Bauru, Arealva e Marília, todos em São Paulo. Os endereços referem-se à residência de representantes da Cohab Bauru, sede da companhia e também nos endereços das construtoras e seus sócios ou representantes. Foram apreendidos aparelhos celulares, computadores, documentos e outros objetos que possam servir de prova ao objeto da investigação.

No curso da investigação do MPSP, foram analisados quatro acordos firmados pela Cohab de Bauru junto a construtoras no âmbito de processos judiciais, além de uma análise inicial do patrimônio dos investigados. A análise desses acordos permitiu constatar diversas posturas suspeitas e prejudiciais à companhia, que ao se repetirem demonstraram não se tratar de equívoco isolado, mas de um padrão de atuação.

Segundo o Ministério Público, foi possível constatar dação de imóvel milionário em quitação de uma dívida que representava em torno de 10% do valor do bem; realização de acordos sem o conhecimento dos advogados que atuaram na causa; pagamentos antecipados, antes mesmo da formalização de acordos; e omissão deliberada na compensação da dívida que duas dessas construtoras tinham com a Cohab.

“Os prejuízos acumulados crescem em larga escala anualmente, a ponto de haver contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas. Além disso, os auditores independentes, responsáveis pela análise dos relatórios anuais da administração, também apontaram dúvidas quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia”, informou o MP em nota.

A prefeitura de Bauru disse, em nota, que “já convocou o Conselho de Administração e Fiscal da Cohab, órgão competente para qualquer deliberação a respeito da Companhia, com vistas a avaliar os fatos ocorridos”.

Além disso, o Executivo informou que “após convocação do Presidente do Conselho de Administração da Cohab, solicitado pela Prefeitura, que se reunirá quarta-feira (12) para deliberar sobre as questões da empresa atinente a operação do Ministério Público, o atual presidente Edson Gasparini Junior solicitou seu afastamento da presidência para que as investigações possam ocorrer sem qualquer interferência e com total transparência a fim de apuração de todos os fatos.

O governo municipal acatou o afastamento, porém a decisão final é de competência do Conselho de Administração da Cohab.

Diário do Poder

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